terça-feira, 31 de julho de 2007

Em campanha

O Diário da Cratera Urbana está em campanha, sim. Mas, diferente de outros diários que existem por aí, este assume e diz qual é o seu lado. E ainda mais importante: diz as razões. E as razões que seguem, vêem do Blog da Voz Ativa:
-Hoje temos eleições paritárias para Reitor, foi uma conquista recente do Movimento Estudantil, mas houve um momento que os representantes estudantis achavam melhor uma eleição nos moldes 70/30, caso defendido e aprovado com os votos do DCE no CEPE;

-Hoje temos no Movimento Estudantil uma luta pelo transporte público de qualidade e com preço justo, mas houve um tempo em que o DCE votava a favor do aumento da tarifa do transporte público no Conselho Municipal de Transportes;

-Hoje temos prestações de contas do DCE periodicamente, mas houve uma época que os representantes estudantis se recusavam a prestar contas;

-Hoje temos Conselhos de Entidades de Base (DAs) periódicos, mas houve uma época que eles só ocorriam quando os Diretórios Acadêmicos realizavam conselhos autoconvocados;

-Hoje o DCE está à frente das lutas cotidianas dos estudantes, mas houve uma época em que representantes do DCE atuavam de maneira contrária, criticando as mobilizações estudantis, e estando ao lado da Reitoria;
-Houve uma época em que o DCE votou a favor dos cursos pagos na UFSM;

-Houve uma época em que o tesoureiro do DCE largou a entidade para ser candidato a vereador em Santa Maria;

Esses tristes acontecimentos que relatamos aconteceram nos anos de 1999 e 2000 na UFSM, durante a Gestão Novo Rumo, que se elegeu com a proposta de inovar com um novo jeito de fazer Movimento Estudantil. Será ironia do destino ou coincidência? Já sabemos que esse “novo jeito” foi derrotado e a organização dos estudantes fez o Movimento Estudantil da UFSM voltar a nos dar orgulho de participar dele. Muitas caras não mudam, muitos nomes não mudam, muitas pessoas não mudam, muitas idéias continuam retrógradas, mas precisamos ter Voz Ativa e dizer sim ao Movimento Estudantil.

sábado, 28 de julho de 2007

A gente quer ter VOZ ATIVA!

AVISO: O tema é a eleição do DCE/UFSM. Não espere um texto isento sobre o assunto. Aliás, neste "Diário", não espere um texto isento sobre nada.


Novamente o Movimento Estudantil da UFSM enfrenta um processo eleitoral. É um período atípico, em que quase todas as atividades se suspendem e as forças se concentram na campanha. Para alguns - que somente aparecem nessa época -, o Movimento Estudantil é isso: eleições.
Neste ano, temos três grupos concorrendo. Além da VOZ ATIVA, chapa da situação, há os eternos concorrentes da Chapa "Novos Rumos" e a "Até quando esperar?", chapa que, embora identificada com as gestões anteriores, entra na disputa na tentativa de fortalecer seu grupo político dentro da Universidade.
Mas o que está em jogo são duas formas marcadamente diferentes de se fazer Movimento Estudantil. Este grupo que está a frente do DCE nas últimas três gestões, além das diversas conquistas, identifica-se com um modelo novo de Movimento Estudantil, construído no cotidiano de lutas. O amadurecimento havido nas gestões Roda Viva, Em Frente e Em Movimento - e a constante renovação entre uma e outra - permitiu que, mais do que um grupo político, se tenha, na UFSM, um acúmulo no que diz respeito aos interesses estudantis e a uma concepção de Universidade Pública.
A Chapa "Novos Rumos" (não seria mais adequado "Velhos Rumos"?) representa uma conhecida tradição na política estudantil (e fora dela também). Formada em festinhas duas semanas antes do processo eleitoral, articula-se em torno de um aspirante a político que, desde 1998, tenta utilizar o DCE como trampolim para sua candidatura à vereança. Não há acúmulo, não há comprometimento com causa alguma. Acreditam no marketing eleitoral para interromper a trajetória de protagonismo que o DCE vem tendo na política da UFSM e, até mesmo, da cidade.

Contudo, confio que meus colegas universitários são inteligentes o bastante para não enganarem-se tão facilmente. Dia 2 de agosto, teremos VOZ ATIVA!

quinta-feira, 26 de julho de 2007

Pan de heróis e mercenários

Neste instante a "nação verde-amarela" (lembro de Renato Russo "nosso Estado que não é Nação") está unida em torno de um grande objetivo nacional: ultrapassar Cuba no quadro de medalhas do Pan. Seria interessante que além desse tosco e momentâneo ufanismo (e nem é Copa do Mundo, o momento máximo do patriotismo tupiniquim), os brasileiros refletissem sobre Cuba, essa nação que, mesmo isolada em sua pequena ilha rochosa, consegue façanhas, como competir em pé de igualdade com as potências mundiais nos mais diversos esportes.
Quem sabe questionar porque o Brasil - tantas vezes maior, mais populoso, mais rico - ainda não consegue alcançar a excelência cubana nos esportes. Talvez ajude lembrar dos nossos esportistas do caratê, judô, atletismo, ginástica, boxe, futebol feminino (que ganhou medalha de ouro vestindo o uniforme de 2002), entre tantos, que, mesmo vitoriosos, precisam implorar pelo bondoso patrocínio dos empresários nacionais (descontado dos impostos, diga-se).
No capitalismo, esporte é comércio; em Cuba, esporte é desenvolvimento humano. Os atletas brasileiros, que têm a sorte de destacarem-se nos poucos esportes comercialmente rentáveis, tornam-se astros ricos e mudam-se para a Europa. Os atletas cubanos que, a cada competição internacional muito bem representam seu país, permanecem pobres (mas não miseráveis) como, de resto, toda população de Cuba. Porém, tornam-se heróis nacionais.
Há uma grande diferença entre mercenários e heróis nacionais. Mas o fato de os primeiros serem ricos e os segundos pobres, às vezes, é o que importa mais. Nestes Jogos Pan-Americanos, alguns atletas e treinadores cubanos pediram asilo ao Brasil, certamente motivados por gordas propostas do mercado esportivo do Primeiro Mundo. Abandonam a oportunidade de serem heróis para tornarem-se mercenários.
O presidente cubano ecreveu sobre o assunto na sua "Terceira Reflexão sobre o Pan", publicada no Gramna. Transcrevo, na tradução portuguesa da Equipe de Tradutores do Conselho de Estado.

O Brasil substituto dos Estados Unidos?

Há muito pouco falei a respeito do roubo de cérebros, algo repugnante. Pouco depois apareceu um bom atacante da equipe cubana de handebol vestindo o uniforme de uma equipe profissional de São Paulo.
A traição por dinheiro é uma das armas prediletas dos Estados Unidos para destruir a resistência de Cuba.
O atleta cursava os estudos superiores; se formaria na Licenciatura em Educação Física e Esportes, um trabalho digno. Suas receitas são modestas, mas sua preparação profissional é altamente apreciada; seja qual for o esporte e sua especialidade, o mesmo se são capazes de atrair muito público e publicidade comercial, ou não atraem nenhum, são úteis para o desenvolvimento humano.
Aqueles que solicitaram asilo brasileiro fazem-no quando os Estados Unidos declararam recentemente que não cumprirão as cifras exatas dos acordos migratórios que subscreveram com nosso país. Baste assinalar que dos quase duzentos atletas e treinadores que participaram na primeira semana das competições dos Pan-americanos, faltaram um jogador de handebol e um treinador de ginástica.
Não vou dizer por isso que a equipe de handebol de Cuba era melhor do que a excelente equipe do Brasil e seus formidáveis atletas, contudo a delegação cubana recebeu um golpe moral baixo nos Jogos Pan-americanos com essas solicitações de asilo político. Puseram a equipe cubana fora de combate antes que começasse a luta pela medalha de ouro.
No passado domingo, 22 de julho, ao meio-dia, recebemos a triste notícia de que dois dos mais relevantes atletas de boxe, Guillermo Rigondeaux Ortiz e Erislandy Lara Santoya, não se apresentaram à pesagem. Simplesmente receberam nocaute com um golpe direto no queixo, faturado com notas norte-americanas. Não fez falta nenhuma contagem de proteção.
Observando os primeiros combates em Rio exclamei que nossos pugilistas lutavam com tanta elegância e domínio técnico que convertiam em arte seu rude esporte.
Na Alemanha existe uma máfia que se dedica a selecionar, comprar e promover pugilistas cubanos nas competições esportivas internacionais. Usa métodos psicológicos refinados e muitos milhões de dólares.
Apenas três horas depois, a vitória da cubana Mariela González Torres na Maratona, um clássico do esporte Olímpico que fez com que percorresse mais de 40 quilômetros, compensou com acréscimo a traição e inscreve com letras de ouro sua façanha na história esportiva de sua pátria.
O povo de Cuba deve honrar o exemplo heróico de Mariela, nascida na oriental província de Granma, cujas taxas de mortalidade infantil e materna foram, em 2006, de 4,4 em cada mil nascidos vivos e 11 em cada 100 mil partos, melhores que as dos Estados Unidos. Em seu município, rio Cauto, com 47 mil 918 habitantes, foi zero em ambas as duas.
Além disso, Cuba dispõe de milhares de bons treinadores ou técnicos que trabalham no estrangeiro com atletas que não poucas vezes ganham medalhas de ouro competindo contra os nossos. Algo mais: existe uma Escola Internacional de Professores de Educação Física e Esportes onde cursam estudos superiores mais de 1.300 jovens do Terceiro Mundo. Há uns dias graduaram-se 247. Não cultivamos o chauvinismo nem o espírito de superioridade. Apoiamo-nos na ciência e nos conhecimentos, sobre essas bases lutamos para criar os valores éticos de uma mente sadia num corpo sadio.
Não existe nenhuma justificativa para solicitar asilo político. Não se importam com que o Brasil não seja seu mercado definitivo. Há países ricos do primeiro mundo que pagam ainda mais. As autoridades brasileiras declararam que os desertores deverão provar a necessidade real de asilo. É impossível demonstrar o contrário. De antemão conhece-se seu destino final como atletas mercenários numa sociedade de consumo. Acho que ofenderam o Brasil utilizando os Pan-americanos como pretexto para se autopromover. De qualquer jeito consideramos úteis as declarações das autoridades.
Desejamos que o Brasil, país irmão da América Latina e do Terceiro Mundo, obtenha a honra de ser sede de uma Olimpíada.
Fidel Castro Ruz
23 de julho de 2007

terça-feira, 24 de julho de 2007

As cidades

Conhecer a cidade, suas travessas, vielas e becos. Percorrer as ruas, de asfalto, pedra irregular, as ruas de chão. As esburacadas ruas da periferia onde tropeçam os bêbados voltando para casa. Conhecer a cidade, conhecer suas entranhas, as entranhas de suas putas.

Viver a cidade em todas as suas facetas. Explorar cada uma de suas partes íntimas. Além do centro, prédios de apartamentos, muros altos, grades e cacos de vidro. Além do higienismo anti-séptico da burguesia comercial. Viver a cidade mais humana, nos seus conflitos, nos seus amores infiéis. Explorar sua vida e sua promiscuidade. Ser seu amante, mais um deles.

Não a cidade do shopping americanizado, mas a dos camelôs no canteiro da avenida. Não a hipócrita dama da sociedade, que se vende a quem der mais, mas a dama da vida, que a todos se entrega, pelo que cada um lhe pode dar.

sábado, 21 de julho de 2007

Nota: repercussão e link das fotos

Bom, a partir das duas últimas matérias deste Diário, houve uma "explosão" dos acessos. Foram cerca de 230 visitas, desde a publicação do resultado do CEPE. Considerando que a média vinha sendo de 100 acessos semanais...
O principal motivo, seguramente, foi a publicação do La Vieja Bruja sobre o Diário, o que mostra o alcance daquele blog, um dos melhores da rede (não é a toa que está entre meus links...).
Fui avisado que o atalho para as fotos da votação no CEPE não estava funcionando. Realmente, estava quebrado o link. Já foi corrigido: fotos deTiago Medeiros.

quinta-feira, 19 de julho de 2007

Vitória no CEPE

"Cores, raças, castas, crenças / riquezas são diferenças" (Miséria, Titãs)

A festa dos movimentos após a aprovação (foto de Tiago Medeiros)

A briga não é nova, como muitos pensam. Há um bom tempo está na pauta dos Movimentos Sociais, em especial do Movimento Negro, a luta por uma Universidade plural, representativa da riqueza étnica e cultural do povo brasileiro. A vitória do dia 13 foi só a culminância dessa luta, que ainda continua. A aprovação das Ações Afirmativas na UFSM é importante pois significa a garantia de uma pluralidade maior nas salas de aula, que poderemos constatar já a partir de 2008.

Isso vai gerar conflito? Pois que gere! É preciso encarar o conflito, expor os preconceitos que existem na sociedade. As cotas não criam preconceitos, apenas os evidenciam. E, quando o preconceito deixa de ser velado, suas vítimas, ao menos, têm a oportunidade de combatê-lo.
.

A bancada estudantil em pé para garantir a vitória (foto: Tiago Medeiros)

O debate, assim como a luta, não se encerra na votação. As Ações Afirmativas precisam ser aprimoradas, no que a experiência será fundamental. Em breve teremos mais do que teoria para debater, teremos resultados. E, mais importante, haverá novos atores no debate, pessoas para as quais a Universidade, até agora, tinha fechado suas portas.

Algo que precisa ser frisado é que a decisão do CEPE se aplica também aos 5 campi da UNIPAMPA que estão sob a adminitração da UFSM. Esta universidade já nasce com uma concepção avançada de ingresso.

Para encerrar o assunto (por enquanto), gostaria de fazer justiça à Reitoria. Em muitas questões - na maioria delas - nós, do movimento estudantil, temos batido de frente com a direção da UFSM. No entanto, nesta questão, a Reitoria demonstrou coragem ao bancar a proposta, enfrentando os setores mais conservadores da Universidade. Estamos ainda longe do ideal, mas, como disse o Reitor, estamos fazendo nossa parte.

"Na minha maneira de pensar, a Universidade tem que se adaptar a essas questões. Não vamos resolver o problema da pobreza, dos excluídos, dos carentes, das etnias, dos negros, dos pardos, dos indígenas, dos necessitados de atendimento especial... não vamos. Mas vamos fazer sim a nossa parte." (Clóvis Lima, Reitor da UFSM)

Mais fotos da discussão das Ações Afirmativas no CEPE podem ser vistas na página do Tiago Medeiros.

A Resolução aprovada no dia 13 pode ser lida na íntegra na página da UFSM.

sexta-feira, 13 de julho de 2007

Por 1 voto

Cinco horas e meia de discussão, todos os argumentos possíveis e imagináveis. Mas, enfim, a minuta de resolução que institui as ações afirmativas da UFSM foi aprovada em sua íntegra. 18 votos contra, 19 votos a favor (dos quais 10 foram da bancada estudantil). Briga acirrada.
A política aprovada reserva, em todas as formas de ingresso/reingresso, em 2008, 20% das vagas da UFSM para estudantes advindos da rede pública de ensino; 10% para afro-brasileiros, aumentando este índice anualmente até se chegar a 15%, em 2013. Além disso, serão reservadas 5% das vagas para pessoas portadoras de necessidades especiais e serão criadas, ano que vem, 5 vagas extras para índigenas.
Valeu a luta de todos. A bancada estudantil, qualificada e aguerrida como sempre. Os professores, em especial Professora Jânia Saldanha (autora da proposta) e Professor Ivan Zolin, grande defensor. A reitoria (em especial o Pró-reitor Jorge Cunha) por ter encampado o clamor popular e o transformado em uma proposta institucional. O movimento negro que se fez presente para pressionar e cobrar. Estamos todos de parabéns, venceu a diversidade, venceu a Universidade.
Amanhã volto a comentar este assunto. Agora é descansar da batalha e comemorar a vitória.

CEPE aprecia resolução que institui política de cotas na UFSM



Daqui a pouco, eu e os outros 51 integrantes do Conselho de Ensino Pesquisa e Extensão vamos debater e deliberar sobre a Resolução que institui a política de cotas no sistema de ingresso à Universidade Federal de Santa Maria. Nós, da representação estudantil, conforme decisão da Assembléia Geral dos Estudantes, do dia 30 de maio deste ano, defenderemos a implantação desta Ação Afirmativa e, junto com os Movimentos Sociais, estaremos mobilizados.
Bueno, espero poder escrever aqui dentro de algumas horas que nossa Universidade Pública terá muito mais diversidade em 2008. Contudo, o mais provável é que haja pedidos de vista ao processo e a deliberação final demore ainda algumas semanas mais. Em breve publico o resultado da reunião. Nossa luta continua e nossas bandeiras têm muitas cores.

quinta-feira, 12 de julho de 2007

Desciclopédia, a enciclopédia livre de conteúdo

A Wikipédia já não é nenhuma novidade na rotina de qualquer usuário de internet. O novo conceito de enciclopédia livre, em que qualquer leitor pode criar ou editar os verbetes, causa controvérsias, mas já está inegavelmente consolidado. A "novidade" agora é a Desciclopédia, uma paródia bem humorada (e nem um pouco politicamente correta) da Wikipédia.

Nascido do movimento underground Unciclomedia, a Desciclopédia se auto-define como "a enciclopédia livre de conteúdo", e já tem uma grande versão em português (além dos "idiomas que você entende", portuñol, portuguêsio, mIgUxEiX...). Conteúdo zero, mas riso garantido, desde que você vá de espírito desarmado. Pois, com toda certeza, o humor sarcástico vai atacar seus valores - sejam eles quais forem.

Interessante é a mútua conceituação entre "mãe" e "filha", Wikipédia e Desciclopédia.

segunda-feira, 9 de julho de 2007

Cidade Cultura II - Cinema


Sim, a Cidade Cultura não tem mais nenhuma sala comercial de cinema. O Santa Maria Vídeo e Cinema, que inicia hoje tem como tema central a democratização do acesso ao audiovisual, como mostra a boa reportagem do Diário de Santa Maria.

Sem desmerecer a excelente sacada da manchete acima, me permito tecer algumas considerações a respeito do cinema na Cratera. O que é ter cinema? É ter salas comerciais nos shopping centers, exibindo filmes, na sua maioria, estadunidenses e cobrando entrada de R$ 8,00? Pois era isso que havia antes do fechamento das quatro salas comerciais.


Ora, do ponto de vista da maior parte da população, cinema, em Santa Maria, já não existe há muito tempo... talvez desde o fechamento do Cine Independência.


Por outro lado, subsistem espaços alternativos, como o Cinelube Lanterninha Aurélio (na CESMA), o Cineclube Unifra, o evento periódico Cultura na SEDUFSM (veja a matéria abaixo), ou os diversos ciclos temáticos de cinema organizados na Universidade Federal. Nesses nichos é que, de alguma forma, existe a tal "Cidade Cultura", restrita a alguns grupos e incapaz de dialogar com o povo.



sexta-feira, 6 de julho de 2007

Imperdível

SEDUFSM debate Venezuela de Chávez

Com a participação do Professor Elvandir, além dos jornalistas Márcia Franz Amaral e José Mauro Batista, o espaço Cultura da Seção Sindical dos Docentes da UFSM - SEDUFSM - vai tratar da questão da comunicação na Venezuela. Partindo do documentário "A Revolução Não Será Televisionada", que registrou a tentativa de golpe de 2002, o debate abordará as relações entre a mídia venezuelana e o governo do presidente Chávez, incluindo o caso da RCTV. Informação, cultura e debate. A SEDUFSM trabalha por legitimar o lema "Cidade Cultura".

segunda-feira, 2 de julho de 2007

Cotas, ainda e mais do que nunca

Hoje estive na UNIFRA, participando de um debate com uma turma do curso de Direito. O tema era Kafka, a discussão foi de alto nível, mas não resisti e - sorrateiramente - introduzi a questão das ações afirmativas no ingresso ao Ensino Superior.
Percebi uma apressada reação contrária e tímidas opiniões favoráveis. Nada de novo nos argumentos contra-cotas, apesar da qualidade da turma, o que reflete a cobertura parcial que a grande mídia vem fazendo e a (decorrente) enorme falta de informação. A maioria das pessoas que são contrárias o são por desconhecimento.
O equívoco mais contumaz é que a política serve para "ajudar" os grupos sociais atingidos pelas ações afirmativas. Quando eu disse que o objetivo principal não era promover "inclusão social" até mesmo os "pró-cotas" se surpreenderam.
O que as pessoas não-preconceituosas que são contrárias à política de cotas (e são muitas) precisam entender é que o grande beneficiado não é o cotista, nem seu grupo social. O benefício é da Universidade, que ganha em experiências, em pontos de vista, em diversidade. Como escreveu o Cafrune, eu gostaria de ter tido mais colegas negros, índios, oriundos da periferia. Tenho certeza que a minha formação e dos meus colegas teria sido muito mais rica.
Mas, a realidade é que na Faculdade de Direito, mesmo na pública, há apenas um grupo social. Uma falsa homogeneidade que cria, nos futuros "funcionários da Justiça" (pra ser Kafkeano), a ilusão de que a sociedade também é isso, homogênea, padronizada, sem conflitos. É daí que saem os juízes que não deixam entrar em suas salas o camponês de chinelo de dedos.
(foto do blogue Cotas na UFRGS Já!)

domingo, 1 de julho de 2007

Quantos colegas negros tu tens?

"Temos direito à igualdade sempre que a diferença nos inferioriza e temos direito à diferença sempre que a igualdade nos descaracteriza" Boaventura Souza Santos


Cotas aprovadas na UFRGS (foto: Centro de Mídia Independente)

A Universidade Federal do Rio Grande do Sul sai na frente aqui no Estado ao instituir políticas de cotas - sociais e étnicas - no ingresso ao Ensino Público Superior. Na nossa UFSM, a proposta de resolução instituindo ações afirmativas - elaborada pelas professoras Jania Saldanha e Deisy Ventura, ambas do Direito - está tramitando nos Conselhos Superiores e, em breve, também será votada. O Movimento Estudantil e outros setores estão mobilizados em prol da aprovação das políticas de ingresso e permanência destinadas a estudantes pobres ou pertencentes a etnias historicamente discriminadas.


O debate, na UFSM e em qualquer lugar, divide opiniões. Na defesa dessas políticas argumenta-se pelo Princípio da Igualdade Substancial, segundo o qual os diferentes devem receber tratamento diferenciado pelo Direito, de modo a se equipararem. Em contrário, pululam desde opiniões francamente racistas, até discursos pretensamente imbuídos de compromisso social, como o velho chavão "é preciso melhorar o ensino básico e não dar cotas".



Ora, ninguém ignora que o ensino básico precisa ser melhorado, assim como ninguém pode fechar os olhos para a realidade. E a realidade é que, enquanto a maioria dos que hoje ocupam as vagas das universidades públicas estava estudando em cursinhos pagos, os "vagabundos" pobres e negros estavam trabalhando 8h por dia para garantir seu sustento. O que se quer com cotas não é o "privilégio" de alguns, mas a equiparação de situações completamente distintas, para que a Universidade Pública cumpra sua função social, qual seja, combater as desigualdades e injustiças da sociedade.


Lamentavelmente, muitos dos estudantes da Universidade Pública - que vêm se beneficiando desse sistema que favorece aos "bem-nascidos" - já estão se manifestando contra as ações afirmativas. Já existe até comunidade em sites de relacionamento "contra cotas". Espero não ver frases racistas nas paredes da Universidade.

A informação é maior inimiga do preconceito. Leia aqui textos sobre ações afirmativas e políticas de cotas.



(Charges de Pestana, do blog pró-cotas na UFRGS)