terça-feira, 14 de agosto de 2007

Quisera falar do vento

"Que tempos são estes em que é quase um delito falar de coisas inocentes?" (Bertolt Brecht: 'Aos que vierem depois de nós')



Pelo terceiro dia seguido o vento norte fustiga a Cratera Urbana. Característica célebre da cidade, já virou símbolo municipal.
Eu gostaria de falar sobre isso hoje, sobre o vento norte. Porém, falar do vento implicaria em silenciar sobre as cinco mil famílias que, há dois dias, estão sem água na zona oeste da cidade porque a CORSAN está instalando medidores.

Sim, eu poderia falar sobre o vento, se diversos edifícios públicos de Santa Maria - entre eles o Theatro 13 de Maio, a Casa de Cultura e Biblioteca Municipal - não estivessem sem energia elétrica porque a Prefeitura Municipal não paga à AES Sul a taxa de iluminação pública.

Quem sabe eu falasse do vento se o ensino público do Rio Grande do Sul não estivesse sendo desmontado, enquanto o Banrisul, em processo de privatização, tem os maiores lucros de sua história.

Hoje os colégios estaduais da cidade começaram a empilhar estudantes nas salas-de-aula para reduzir o número de professores da rede pública. E isso não me permite falar do vento.

Como falar sobre o vento quando o governo federal permanece insensível às reivindicações dos servidores técnico-administrativos, em greve há mais de dois meses, deixando os universitários carentes sem livros e sem almoço?
Hoje eu gostaria de falar sobre o vento. Mas eu abri o jornal.

Um comentário:

viajandona disse...

é foda! a felicidade é alienante...o vento passa, sempre passará, mas nós; que caminhos vamos tomar?
partidinhos partidos para formarmos a massa de manobra? a classe média q sustenta tudo isso?
discursinho indignado não basta, mas oq me resta fazer qnd tudo está errado?