terça-feira, 18 de setembro de 2007

Universidade e Mérito


Recentemente, quando discutíamos a adoção da política de cotas pela UFSM, uma questão que sempre surgia era o "mérito acadêmico". Muitas vezes ouvi o argumento de que os cotistas "tirariam vagas de pessoas que mereceram ingressar no ensino superior" - ainda que todo esse merecimento se resumisse a ter acertado duas ou três letrinhas a mais no gabarito do vestibular...
Na mesma época, quase fiquei surdo ouvindo que o nosso curso - o Direito da UFSM - tinha sido consagrado pelo ENADE como "o melhor do país". O conceito de melhor, neste caso, não ia muito além da capacidade de seus egressos responderem questões objetivas e acríticas (o que absolutamente não tem nada a ver com o exercício do Direito em qualquer profissão).

Enfim, em ambas as situações, o mesmo argumento: mérito, mérito, mérito... Pois bem, eis que nesta semana, um colega - formando desse "melhor curso de Direito do país" e opositor ferrenho da política de cotas - surpreende-me com uma descarada consulta: será que, assim por acaso, eu não teria, ou não saberia de alguém que tivesse, uma monografia para vender?

Não respondi. Estava pensando no tal de mérito acadêmico... ele é mais parecido com dinheiro do que eu supunha.

Um comentário:

Júlio Canello disse...

Sem falar na "Láurea Acadêmica", re-instituida no curso há um ou dois anos. Mais uma amostra da importância que ali se dá ao "mérito".

(Nota: a avaliação desse "título" é majoritariamente baseada nas notas do aluno durante o curso, outro critério duvidoso)