Hoje estive na UNIFRA, participando de um debate com uma turma do curso de Direito. O tema era Kafka, a discussão foi de alto nível, mas não resisti e - sorrateiramente - introduzi a questão das ações afirmativas no ingresso ao Ensino Superior.
Percebi uma apressada reação contrária e tímidas opiniões favoráveis. Nada de novo nos argumentos contra-cotas, apesar da qualidade da turma, o que reflete a cobertura parcial que a grande mídia vem fazendo e a (decorrente) enorme falta de informação. A maioria das pessoas que são contrárias o são por desconhecimento.
O equívoco mais contumaz é que a política serve para "ajudar" os grupos sociais atingidos pelas ações afirmativas. Quando eu disse que o objetivo principal não era promover "inclusão social" até mesmo os "pró-cotas" se surpreenderam.
O que as pessoas não-preconceituosas que são contrárias à política de cotas (e são muitas) precisam entender é que o grande beneficiado não é o cotista, nem seu grupo social. O benefício é da Universidade, que ganha em experiências, em pontos de vista, em diversidade. Como escreveu o Cafrune, eu gostaria de ter tido mais colegas negros, índios, oriundos da periferia. Tenho certeza que a minha formação e dos meus colegas teria sido muito mais rica.
Mas, a realidade é que na Faculdade de Direito, mesmo na pública, há apenas um grupo social. Uma falsa homogeneidade que cria, nos futuros "funcionários da Justiça" (pra ser Kafkeano), a ilusão de que a sociedade também é isso, homogênea, padronizada, sem conflitos. É daí que saem os juízes que não deixam entrar em suas salas o camponês de chinelo de dedos.
(foto do blogue Cotas na UFRGS Já!)
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