Yeda não me deixa trocar de assunto. Ouço na (cobertura amiga da) Rádio Gaúcha que a governadora apresenta aos empresários o novo pacote de medidas de redução do déficit do Estado. As medidas não são nenhuma novidade: "aumento do ICMS, cortes de despesas de custeio, redução de estruturas públicas, venda de imóveis para pagamento de precatórios e ampliação do combate à sonegação". Segundo a edição de terça-feira passada do Zero Hora, integra ainda a proposta a "transferência de serviços para Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscips)".
As primeiras pessoas fora da cúpula de governo a ouvirem as explicações de Yeda foram os presidentes da FIERGS e da FEDERASUL. Estes, é claro, pronunciaram-se contra um único ponto da proposta: o aumento de impostos (já que ninguém leva a sério a promessa de combate à sonegação). Detalhe: ficam mantidos os benefícios fiscais já concedidos e garantidos futuros incentivos às empresas que trouxerem novas plantas industriais para o Rio Grande do Sul.
O pacote radicaliza a política de desestruturação do Estado e corte de gastos sociais preconizada pelo governo tucano desde que foi eleito ao Piratini. Além dos prejuízos imediatos, sentidos especialmente pela população mais pobre, essa política tem um conseqüência ainda mais grave. O desmonte da máquina pública, a longo prazo, impossibilita - ou, ao menos dificulta bastante - que um futuro governo de esquerda possa praticar uma política de maior intervenção econômica e social. Isto é, o Rio Grande do Sul pós-tucanato estará entregue à grande mão invisível do mercado.
Minha pergunta: quando Yeda vai se explicar ao povo por tudo isso?
• Foto da Agência Tucana.
2 comentários:
Ao escutar a notícia e comentá-la fiquei com a impressão de já tâ-la ouvido/lido antes. Agora lembrei: as explicações de Yeda ao empresariado lembram as explicações de Bush aos especuladores financeiros, logo após a crise imobiliária estadunidense. Como Yeda, George Walker sequer mencionou os atingidos pela crise: seu próprio povo.
Qual povo?? Os "carteiros" da Assembléia Legislativa do RS (muitos selos...) ou os colonos plantadores de fumo do Vale do Taquari que, dia após dia, morrem envenenados pelos agrotóxicos exigidos pelo regime de monocultura imposto pelas fumageiras (que patrocinam a Oktober em homnagem ao Fritz)? Acho que se explicará ao "povo" quando este, depois de uma peneirada do lixo que o contamina, pedir, em "tom de gente", explicações. Mas, em uma tal ocasião, quando o "povo" falar nesse tom, talvez nem se saiba mais quem foi Yeda...
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