domingo, 18 de novembro de 2007

Há algo de podre no reino da Dinamarca

Leio com preocupação uma entrevista de Eduardo Barin (um dos coordenadores do DCE "Novo Rumo" que se auto-proclama “presidente” da entidade, cargo abolido há muito tempo). Não, não é por seu discurso manjado de candidato a vereador. O que me preocupou foi a declaração mentirosa de que o Prédio de Apoio já está vendido.

Explico: o Prédio de Apóio Didático-Comunitário, pertencente à UFSM e localizado no centro da cidade, abriga alguns cursos e muitos projetos de extensão que prestam alguma forma de atendimento à população. No último período, a administração da Universidade dispôs-se a vender o imóvel, a fim de construir o Centro de Ciências Sociais e Humanas no campus. Os estudantes posicionaram-se em defesa dos projetos que perderiam seu espaço no contexto urbano, fazendo uma campanha contra a venda do Prédio de Apoio. Contrariando o parecer do DCE (gestão “Em Movimento”), o Conselho Universitário autorizou que se iniciassem tratativas para a alienação do bem público, sendo que qualquer transação deveria ser novamente submetida ao CONSUN.

Com a ocupação da reitoria, no semestre passado, o Movimento Estudantil alcançou a retirada de pauta do projeto de venda. Faltando à palavra dada naquela ocasião, a administração da UFSM acena com a retomada das negociações.

O atual “presidente” do DCE afirmou ter ficado “surpreso ao saber que o prédio já está vendido” e que, diante da situação, “resta tirar o maior proveito possível”. Mostra-se disposto a barganhar uma parcela do dinheiro apurado “para ser destinado à ampliação do Restaurante Universitário”.

Sr. Eduardo Barin, o senhor está desinformado. Primeiro: o Prédio de Apoio não está vendido, o que há são negociações nesse sentido, que ainda podem ser obstadas, como foram no passado recente. Segundo: a ampliação do RU já está garantida há cerca de três meses, sendo que o material necessário já passou pelo processo de licitação e as obras já iniciaram. Terceiro: a verba apurada de uma eventual venda do Prédio de Apoio estaria inteiramente comprometida com construção do CCSH, não restando espaço para suas barganhas.

Vejo apenas uma razão para essa declaração conscientemente mentirosa do “presidente”: justificar a falta de mobilização do DCE contra a venda do prédio, tentando transformá-la num “fato consumado”, do qual se deve obter o máximo de vantagem possível. Uma filosofia apropriada para seu grupo político, diga-se.

Aliás, uma pergunta (im)pertinente:

Por que o DCE da UFSM (mesmo com um “presidente” tão afeito a entrevistas) tem mantido absoluto silêncio em relação ao escândalo da FATEC? A entidade não se manifestou sobre o caso e não participou do protesto na sede da Fundação. Por que o alheamento em relação a uma questão dessa magnitude e repercussão?

Tem a ver com o fato de Ferdinando Fernandes, sócio da Pensant (prestadora de serviços à FATEC e peça chave do esquema de corrupção), detido pela Polícia Federal, ser amigo e colega de partido do "presidente" da entidade estudantil? Para quem não se lembra ou ainda não estava na Universidade, ambos fizeram parte da gestão Novo Rumo, que "presidiu" o DCE em 2000.

Um comentário:

Paulo Vilmar disse...

Sr!
É triste ver o ME estancado, paralizado, nas mãos de quem tem somente interesses inomináveis e para conseguir seu intento usa inescrupulosamente o que puder lhe trazer vantagens não importando se falamos de movimentos ou de pessoas. Carreirista usa o ME como palanque para candidatar-se a ser mais um vereadorzinho.
ABRAÇO.