sexta-feira, 16 de novembro de 2007

UFSM já tem sua revista Veja


Papel de alta qualidade, projeto gráfico moderno e arrojado, muitas cores e fotos grandes, disputando espaço com o texto pobre e apelativo. Parece material publicitário, porém trata-se do número 0 do periódico .txt, que circula pela Universidade desde o início do mês. Os projetos gráfico e editorial são dos alunos do 6º semestre do curso de Jornalismo. O que não deixa de ser preocupante.

As publicações “modernas” da imprensa brasileira, há um bom tempo, se caracterizam por privilegiar a aparência em detrimento do conteúdo. No jornalismo comercial, os produtos seguem a lógica do mercado. Como qualquer outra mercadoria, a “informação” sofre uma padronização, visando a conquista do consumidor. Os manuais de redação impõem uma linguagem insossa, repleta de chavões, pretensamente “científica” e isenta de valoração. O discurso “neutro” torna palatável o conteúdo superficial, distorcido e parcial.

Que essa é a realidade da dita “grande imprensa” não chega a ser nenhuma novidade. O que preocupa – e entristece – é ver a Universidade, espaço da construção do conhecimento crítico, reproduzir o mesmo modelo de “jornalismo”. Ao ler a revista .txt – que impressiona pela aparência –, revolta a superficialidade com que assuntos sérios, como o REUNI, o Estatuto da Igualdade Racial ou a situação da Casa do Estudante, são abordados. Não há pluralidade de fontes ou uma investigação mais aprofundada acerca das declarações “oficiais”. Quando o texto não está recitando a cantilena da reitoria, traz informações imprecisas e, não raro, sensacionalistas. As manchetes apelativas sem correspondência com o teor da matéria são uma constante, realçando o aspecto de “peça de marketing” da publicação.

Na UFSM – e acredito que na maioria das universidades – o Jornalismo é uma das opções, ou “habilitações”, dentro do curso de Comunicação Social, juntamente com Relações Públicas e Publicidade e Propaganda. Temo que a proximidade entre as matérias esteja contribuindo para diluir as fronteiras entre o jornalismo e a propaganda. A informação é trabalhada na .txt, e na grande imprensa brasileira, como uma mercadoria a ser vendida aos incautos. Sendo assim, nada mais feliz nesse “número 0” do que sua capa: um imenso código de barras.

12 comentários:

Anônimo disse...

Eae, menino!

Fikei sabendo desse material ao ler teu e-mail na lista do nosso antigo dce... bom, ñ era mt surpreendente, pois os cursos d jornaliso (e os jornalistas) são praticamente de direita, tenho uma irmã no jornalismo, ela ñ é das piores, mas tem colegas q credo... Mas onde eu consigo um exemplar dessa .txt? Esse lance de o jornalismo parecer propaganda é bem verdade, há mt + enfoke na parte do design gráfico do q no conteúdo, ñ só nessa revista mas em outras tb.
Bom, menino, boas matéria no teu blog, qd tiver tempo eu escrevo akela, tá, hhehhehe
bjs e t+

Fagner Garcia Vicente disse...

a ".txt" é distribuída gratuitamente. É possível encontrar um exemplar no balcão de qualquer recepção.

Paulo Vilmar disse...

Sr.!
Um exemplar caiu em minhas mãos. Achei a capa de um extremo mau gosto, mas não tinha feito a relação com o conteúdo. Estás certo a capa tem tudo a ver com a mercadoria. Esta proximidade, que falas, da pp com o jornalismo é triste porém verdade. Nossos jornalistas saem das universidades prontos para fazerem matérias palatáveis, a voz do dono. Agora, com a .txt, a Universidade ensina a prática da grande mídia, num veículo só cabe a opinião do dono, no caso a voz oficial da UFSM.
Que tal uma matéria sobre a FATEC?
Abraços.

Cleber Rafael de Campos disse...

vcs falam em grande mídia como se somente ela fosse tendenciosa. toda revista ou jornal tem uma orientação política, ou vai dizer que revistas de esquerda como a Caros Amigos falam somente a verdade?

(e quem é que banca esse tipo de revista aliás? o governo através de anúncios de suas estatais e é por isso que elas não metem o pau que revistas de direita metem nele)

revistas de esquerda são ainda mais tendenciosas que as de direita. a diferença é que como elas transmitem a mesma meia verdade que vcs de esquerda gostam de ler tudo vai bem... não é?
aliás parece que é errado ou crime ser de direita como a Ane falou (credo). Credo digo eu para pessoas preconceituosas e de visão fechada que não sabem aceitar opiniões divergentes.

agora noto que em sua crítica a .txt tu fala algumas bobagen:
1 - não há nenhuma manchete sensacionalista (se há responda ae qual é)
2 - existem matérias que poderiam ter mais informações mas isso não quer dizer que trazem mentiras (não é possível escrever sobre tudo em um jornal de meia dúzia de paginás)
3 - o .txt em suas matérias vai contra a reitoria, critica a tv, fala mal da administração e etc... então vc ou entendeu errado qdo leu ou mentiu

e respondendo também aos comentários. uma matéria sobre a Fatec sim é um festival de abuso midiático. envolver dezenas e mais dezenas de policiais para prender um homem na frente de câmeras é show midiático. provavelmente as matérias que circulam por ae da Fatec estão sendo feitas com fins políticos pq alguém deixou de receber sua propina e botou o esquema abaixo... (ops.. isso eh outro assunto... comecei a viajar)... mas era só pra dizer que ambos os lados se utilizam de showzinhos da midia (ou derrubar portão e quebrar a porta a pedrada não foi show?)

aaa sim... enfim acredito q na próxima edição do txt terá alguma matéria sim sobre a fatec

e antes que perguntem... não sou jornalista... nem partidário... nem do dce... nem defensor de corruptos... nem envolvido na produção do .txt (apesar de ser colega de vários, que não são de maioria da direita nem da esquerda, com exceções extremistas) apenas me irrito com fanatismos cegos ou distorção de informações. e também com textos escritos maquiadamente para agredir por razões de política

é isso... acho que esqueci de coisas... mas azar...

cleber rafael de campos
acadêmico de publicidade e propaganda e também de desenho industrial

Tomacaúna disse...

Homem-sanduíche: a diferença entre as revistas de esquerda, como a Caros Amigos (que, particularmente, não gosto muito) é que elas assumem sua posição, inclusive nos editoriais. Os meios de direita, embora tão "partidários", têm um discurso pretensamente isento, "imparcial".

Vou ilustrar: eu sou de esquerda, todos os que me conhecem ou que, mesmo sem me conhecer, já leram este espaço, sabem disso. Jamais escondi minhas convicções, meu partido ou minha militância. Quando as pessoas lêem o que eu escrevo, têm todas as condições de avaliar os "interesses" que me levam a ter tais opiniões.

O senhor., sr. homem-sanduíche, ao contrário, não é partidário, nem é do dce e nem é defensor de corruptos. O Sr. é isento. Como isento, julga estar sendo "imparcial" e "justo" ao criticar as revistas de esquerda.

Contudo o sr, assim como a Veja, O Globo, O Estadão, também defendem interesses, embora talvez nem tenham consciência disso. Não há discurso isento. O que há é a honestidade de declarar publicamente suas posições e seus motivos.

O sr. entendeu?

Anônimo disse...

especifique, se for capaz, o que é ser de esquerda. e o que é direita? e o que é centro? quero um discurso padronizado, por favor.

Fagner Garcia Vicente disse...

Amigo, se queres um "discurso padronizado", vieste ao lugar errado. Como sugestão de leitura para satisfazer essa tua dúvida, para começar, eu indico "Direita e Esquerda", de Norberto Bobbio. Não se preocupe, o autor não é nenhum militante de "movimentos esquerdistas". Siga a dica. Ler não dói.

Paulo Vilmar disse...

Sr!
Estava com uma resposta pronta para o Homem-sanduíche, quando observei o seu comentário!
Assino embaixo. Apenas concluo, dizendo que conheço pessoas de direita, com as quais travo inesquecíveis conversas e nem por isso nos insultamos. O importante é poder dizer, de cara limpa, a que veio, também não sou não sou jornalista, mas isso não me omite de opinar, sou partidário, e isso não me omite de criticar, acompanho a política do DCE, e isso não me faz melhor ou puor a ninguém, acho que ninguém defende corruptos, nem de esquerda nem de direita( a não ser os advogados, nos tribunais). A imparcialidade não existe, a imparcialidade têm lado.
Sr F, sensacional a dica sobre o blog Opiniãoposta, acabei descobrindo uma banda de Blues, simplesmente ótima.
acabei me alongando...
Abraços.

Anônimo disse...

"projeto gráfico moderno e arrojado"??!!
só pra quem não entende nada de design gráfico e muito menos de comunicação visual...
(da mesma forma que o projeto gráfico da Veja é um dos piores do Brasil, aí realmente concordo contigo)

Marcel Jacques disse...

Realmente o projeto gráfico é um lixo. Os jornalistas querem seu valor através de um diploma. Pois bem, os designers também. Portanto, trabalhem a parte de vocês e deixem que nós façamos a nossa, pra não distribuírem esse fiasco gráfico como "moderno e arrojado".

Anônimo disse...

I think, that you are not right. I am assured. Write to me in PM.

Anônimo disse...

In it something is. I will know, many thanks for an explanation.