terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Poema

Fábula de um arquiteto

João Cabral de Melo Neto

A arquitetura como construir portas,
de abrir; ou como construir o aberto;
construir, não como ilhar e prender,
nem construir como fechar secretos;
construir portas abertas, em portas;
casas exclusivamente portas e teto.
O arquiteto: o que abre para o homem
(tudo se sanearia desde casas abertas)
portas por-onde, jamais portas-contra;
por onde, livres: ar luz razão certa.
Até que, tantos livres o amedrontando,
renegou dar a viver no claro e aberto.
Onde vãos de abrir, ele foi amurando
opacos de fechar; onde vidro, concreto;
até refechar o homem: na capela útero,
com confortos de matriz, outra vez feto.

Enviado pela amiga Gabriela Fonseca, via orcute. Diz ela que lembra Sr. F. Valeu Gabi!

Um comentário:

Gabriela Fischer Fonseca disse...

Fagner!!!
Que honra ser mencionada no teu blogue!!! hehehe

Que em 2008 a louca chamada Esperança revigore nossa fé em um mundo que esteja a arquitetar portas por onde para a humanidade!!!

Parabéns pelo blogue!!! Pela lucidez de tuas palavras!!!

Forte abraço!!!
Gabi.