quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

O caos da incompetência

O vestibular da Universidade Federal é, seguramente, o maior evento anual de Santa Maria, que, nesta época, recebe milhares de vestibulandos e familiares vindos de todo o Estado e de fora dele. Muitos estão na cidade pela primeira vez.

No ano passado, quando da realização do concurso, escrevi um pequeno artigo dizendo que os postulantes à vaga na UFSM tinham uma amostra, durante o vestibular, de uma das principais agruras da vida universitária: a péssima qualidade do transporte coletivo. Além da superlotação e dos atrasos, a falta de orientação e indicações mínimas transformava a tarefa de pegar o ônibus uma arriscada aventura para pessoas que não conheciam bem a cidade.

Pois bem. Este ano, apesar do número de inscritos no exame ter diminuído consideravelmente e da possibilidade de serem realizadas as provas em outras cidades, a situação piorou. A imprensa local mostrou hoje cenas de uma multidão de estudantes correndo na beira da rodovia, invadindo prédios da universidade, brigando com fiscais e muito mais.

O trânsito no campus e nos seus acessos ficou congestionado nas horas que antecederam ao início do vestibular. Não havia onde estacionar e os estacionamentos de certos prédios estavam fechados. Os ônibus não eram suficientes para a demanda. Os vestibulandos saltaram dos carros e ônibus a quilômetros dos locais de realização e correram. Uma menina caiu, cortou um joelho, levantou e seguiu correndo. Alguns, ao perceberem que já havia chegado o horário, desistiram e tiveram crises de choro. Outros se atracaram com fiscais de provas e abriram as portas à força [nota do redator: esses virão para o Movimento Estudantil]. Em síntese: o caos.

O início do exame foi adiado em quinze minutos, por decisão da COPERVES – o órgão que organiza (ou deveria organizar) o vestibular. Ainda assim, muita gente ficou de fora.

A pergunta: isso foi surpresa? Não, não foi. As causas não são nenhum mistério : o acesso único, no famoso “arco”, o fluxo concentrado em uma avenida central estreita, os estacionamentos “privatizados”, o transporte coletivo municipal deficitário e concedido a vigaristas. Todos esses problemas são enfrentados diariamente por quem trabalha ou estuda no campus de Camobi. Nas discussões do Plano Diretor dos campi, eles foram reiteradamente mencionados pela comunidade universitária.


Espero que, ao menos, esse fiasco sirva para que determinados setores da UFSM compreendam porque é importante que a instituição tenha (e obedeça) um Plano Diretor da Cidade Universitária.
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• fotos de Charles Guerra / DSM
• mapa do campus: página da UFSM


2 comentários:

Lucas disse...

Realmente uma vergonha, um absurdo. Fiasco puro! Não estava pelo campus paraver tal fato, tampouco vi imagens. Porém o boca-a-boca na cidade é maior que isso.

* O único comentário, além desse é que o maior evento da cidade é a Romaria. Para cá se deslocam centenas de milhares de pessoas para tal evento que ocorre somente num dia.

Tomacaúna disse...

Talvez a romaria seja numericamente maior, mas não mobiliza tanto a cidade, nem movimenta tantos setores da economia quanto o vestibular, que dura 4 dias, nos quais vestibulandos e seus familiares lotam hotéis, barzinhos, lojas, o calçadão, os ônibus, o campus, etc. Por isso, ainda considero o concurso da UFSM o evento mais importante. Talvez o termo "maior" não tenha sido o mais feliz. Um abraço.