sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Lula é o álibi de Mainardi

O caso Nassif vs. Veja ameaça abalar as estruturas do jornalismo brasileiro. Até agora não tinha me inteirado do conteúdo das denúncias que o jornalista Luís Nassif vem publicando em seu blog a respeito da revista da Editora Abril. Nesta madrugada, seguindo o caminho indicado pelo Animot, li o dossiê, um verdadeiro raio-X da história recente do periódico. O interessante é que, com a repercussão das denúncias, veio o contra-ataque da Veja, se utilizando de todo seu jogo sujo. No entanto, ao que parece, desta vez o semanário encontrou o padre bêbado, como se diz na Fronteira. Nassif é um adversário difícil de ser intimidado.

Ameaças veladas ou explícitas, perseguições, assassinatos de reputação e chantagens são algumas das armas usadas pela revista em prol de interesses políticos e, principalmente, comerciais. Este é o ponto do último texto da série: Lula é meu álibi. Nele Nassif demonstra que as razões de Veja, e especialmente seu principal colunista, Diogo Mainardi, atacar com tanta virulência o Presidente da República e o PT vão muito além da irresponsabilidade jornalística e da posição ideológica conservadora de ultra-direita. Envolver Lula é o recurso usado para dar uma conotação política aos interesses particulares escondidos sob as “denúncias” – na maioria dos casos, interesses de um personagem bem conhecido na cena política brasileira: Daniel Dantas, o banqueiro “orelhudo” – como diria Mino Carta.

Não sei quais serão as conseqüências dessa verdadeira batalha travada no campo da comunicação. Mas o dossiê de Nassif, com seus desdobramentos, demonstra uma nova conjuntura na produção e circulação de informações, ocasionada pela democratização crescente da internet. Nessa nova conjuntura, torna-se cada vez mais difícil a imposição da visão unilateral por parte dos aparelhos ideológicos tradicionais.
Quem ainda não está a par da questão, não perca tempo. A série de artigos, inciada por A catarse e a mídia, surpreende o leitor mais perspicaz.

5 comentários:

Paulo Vilmar disse...

Sr.!
Tenho acompanhado estas reportagens denúncias e o que estranha, mesmo, é que só se ouve falar dela na blogosfera, fora a Carta Capital, na Grande Imprensa não se vê nada...
Abraços.

Cé S. disse...

Concordo com o Pedro Doria: o Luis Nassif está modificando a blogosfera brasileira com suas reportagens. Antes tínhamos a repercussão (a teoria da pedra no lago de Franklin Martins e Alon), agora temos a produção (dura, trabalhosa) de informação. É um marco.

Júlio Canello disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Júlio Canello disse...

Diogo deve estar comemorando a decisão do STF quanto à Lei de Imprensa, suspeito.

Tomacaúna disse...

Júlio: tenho certeza disso. Acredito inclusive que o questionamento das empresas jornalísticas está muito ligado a essa deisão do Ayres Britto.

Cesar: eu até acho que já havia a produção de informação na rede alternativa de comunicação - o Marco Weissheimer é um exemplo disso -, contudo o Nassif está conseguindo impor a pauta do debate. A repercussão é muito importante porque consegue difundir informações e idéias sem o grande aparato econômico das grandes empresas de comunicação, através do esforço conjugado de diversos pequenos comunicadores.

Paulo: a grande imprensa não divulgará porque as denúncias podem se dirigir à Veja, mas as práticas denunciadas são comuns à maioria das empresas jornalísticas. Cabe aos pequenos comunicadores dessa rede alternativa espalhar o dossiê do Nassif. É a luta de milhares de Davis contra os imensos Golias da comunicação. Contudo, em que pese o dito acima, penso que um dos nossos desafios é ultrapassar a dita "blogosfera" que, muitas vezes, se configura um circuito fechado, um universo próprio, girando em torno de si.