sexta-feira, 25 de maio de 2007

Cidade Cultura



Toda cidade tem seus “subtítulos”. Algumas por motivos históricos, ainda que remotos: “São Borja Terra dos Presidentes”, “São Gabriel Terra dos Marechais” (claro que ambas poderiam se chamar “Terra dos Cemitérios Famosos”, mas não causaria a mesma impressão...) Outras se apegam a um produto característico do município: “Santo Antônio da Patrulha Terra da Rapadura” ou “Bento Gonçalves Terra da Uva e do Vinho”. Outros são hiperbólicos e mentirosos: “Alegrete, a mais gaúcha das cidades”. Ou estranhos, muito estranhos: “Mata, a cidade que era madeira e virou pedra”. Enfim, rincão ou metrópole (Terra da garoa...), todo município tem um subtítulo gabola, pomposo, pretensioso ou simplesmente ridículo.

Santa Maria não ficou atrás. Tranquilamente, na falta de um produto agrícola ou industrial e de atrativos naturais, poderia intitular-se “Terra das mulheres bonitas”. Não seria exagero, quem mora aqui sabe. Ou, vendo por outro lado, “Terra dos muros que segregam as vilas”. Mas, talvez, não tivesse o mesmo apelo.
Entretanto, em face das universidades, da indústria dos cursinhos e sei lá mais o que, os importantes da cidade resolveram a intitular “Santa Maria Cidade Cultura”. A coisa já vem de tempos... e eles levaram a sério mesmo... Em 2006, quiseram concorrer ao título de “Cidade Cultura Nacional”. Pena que, no Brasil, existam cidades como Ouro Preto, Parati, São Miguel das Missões, Rio de Janeiro, Salvador...

A partir de hoje, de quando em vez, serão abordados temas relacionados com a “Cidade Cultura”, na tentativa de descobrir se o subtítulo se justifica.

Na foto, a escultura “Vento Norte” (1996), da artista plástica Ana Norogrando, obra que tranqüilamente enferruja junto ao "saber", no largo da Biblioteca Municipal da Cidade Cultura.
Publicação com a colaboração de Thaís Caetano Bochi.

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