quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Alguns incautos, que nada sabem das coisas, dizem que Elis morreu. Como se isso fosse possível...
Por alguns dias estarei longe da world wide web. Até a volta.

De novo a "Vejinha"

Creio que o novo número da .txt não mereça um texto aqui no Diário. Tudo o que já disse sobre o "número 0" da filhote de Veja continua valendo. No entanto, como fui citado na publicação e foram veiculadas informações mentirosas a meu respeito, alguns conhecidos e amigos, de certa forma, “cobraram” que eu desse uma resposta pública. Não vou escrever novamente sobre isso, porque o tempo é curto e há coisas mais importantes a tratar. Vou apenas tornar pública a correspondência que mantive com os redatores da .txt.

Quando foi publicado o primeiro número, enviei à redação o seguinte:
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Olá,

Li o "número 0" de sua publicação. Na contracapa, antecipando os futuros panfletos de sua campanha à vereança, Eduardo Barin deu declarações mentirosas, especialmente acerca da "turbulenta passagem de diretoria" do DCE. Que o Duda dê declarações mentirosas não me surpreende. Surpreende a conivência da "proposta moderna, independente e séria", que as reproduziu sem questionamento.

Um exemplo: é uma informação pública - e deveria ser do conhecimento dos srs. "jornalistas" - que o Prédio de Apoio não foi vendido. A venda foi impedida pela mobilização de estudantes ocorrida no semestre passado, que culminou com a ocupação do prédio da Reitoria. Agora, se o Magnífico Reitor vai colocá-lo novamente em pauta, rompendo o acordo com os estudantes, cabe aos novos diretores do DCE conduzir as mobilizações, como a gestão anterior conduziu.

Enfim, estou gastando chumbo em chimango, como se diz na minha região. Duvido que os srs. "jornalistas" (desculpem-me pelas "aspas", mas tenho muito respeito pela palavra "jornalista", para empregá-la inadequadamente) não soubessem disso. De qualquer forma, como integrante da gestão anterior do DCE, gostaria de saber quando sai o próximo número da .txt e se o "outro lado" vai ter oportunidade de rebater as declarações do Sr. Eduardo Barin.

Atenciosamente,
Fagner Garcia Vicente
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No último número da revista, essa mensagem foi publicada, acompanhada de uma nota dizendo que eu havia me recusado a dar entrevista. Jamais recusei qualquer debate. A nota é mentirosa.

Em resposta ao que foi veiculado na edição de dezembro da .txt, colaciono a mensagem que enviei via correio eletrônico ao Maicon Paim, o redator que fizera contato comigo:

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Maicon,

Li o novo número da revista de vocês. Não quero polemizar novamente e acredito que a minha opinião sobre a qualidade da .txt seja irrelevante. Porém, não posso deixar de dizer que vocês foram desonestos ou não conseguiram expressar o que queriam (o que não seria nenhuma novidade, convenhamos).

Eu não me recusei a ser entrevistado. Releia as mensagens que trocamos. Eu expliquei, didaticamente, que a entrevista deveria ser feita com os coordenadores-gerais da antiga gestão, pois são eles que têm a incumbência de representá-la. Além disso, me disponibilizei a debater com vocês as diferentes concepções de jornalismo que temos (quero dizer: eu, pelo menos, tenho uma concepção de jornalismo). Contudo, parece que o modelo de "jornalista" que alguns de vocês imitam é o do Diogo Schelp.

Enfim, estou seguro que as pessoas com um pouco de discernimento, ao lerem o e-mail que vocês publicaram (sem autorização, diga-se), vão compreender o que se passa. No más, não quero retratação nem direito de resposta. A .txt não atinge quase ninguém, de modo que a informação mentirosa a meu respeito não vai ter sequer ampla divulgação. Me entristece apenas que esse tipo de "produto" venha da nossa Universidade.

Sei, entretanto, que não são todos os teus colegas que compartilham dessa mediocridade. Há muita coisa boa no curso de Comunicação Social. A .txt, porém, está bem distante delas.

Peço que encaminhes esta mensagem aos demais redatores da .txt e ao professor, se possível.

Saudações cordiais,

F

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Quilombos urbanos

Da página do INCRA:

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Incra/RS encerra processo de identificação de quilombo urbano

Na terça-feira (11), o Diário Oficial da União (DOU) publicou o resumo do edital do Relatório Técnico de Identificação, Reconhecimento e Delimitação (RTID) do Quilombo Chácara das Rosas, localizado na cidade de Canoas, região metropolitana de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.

Com área de 3.619,44 metros quadrados, o quilombo é o segundo a ter RTID publicado no estado. Vinte famílias remanescentes serão beneficiadas com o processo de reconhecimento da área.

O relatório elaborado por um grupo de trabalho da Área de Projetos Especiais da superintendência Regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), coordenado pelo servidor Sebastião Henrique Lima, identificou a comunidade remanescente de quilombo, reconheceu e delimitou seu território.

A publicação do relatório é uma etapa do processo, que inicia com o reconhecimento do território e tem continuidade com a demarcação e titulação definitiva da área às famílias.

O RTID do Quilombo Chácara das Rosas é composto de sete peças como o Relatório Antropológico de Caracterização Histórica, Econômica e Sócio-Cultural do território, cadastramento das famílias e demais ocupantes (realizados através de convênio com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul/UFRGS), planta e memorial descritivo da área, relatório da cadeia dominial, levantamento junto a órgãos públicos e parecer conclusivo.

Após o período de contestações, se houver, o RTID é encaminhado para a sede nacional do instituto, em Brasília, para o reconhecimento oficial do quilombo, que acontece através de portaria assinada pelo presidente do Incra.
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A primeira área quilombola urbana a ser reconhecida no Brasil também fica no Rio Grande Sul. O Quilombo da Família Silva está localizado numa área nobre de Porto Alegre. Após muita briga com os especuladores imobiliários, a área foi desapropriada por interesse social, no dia 26 de outubro de 2006 e as famílias remanescentes receberam a titulação de sua terra.

É de se notar que a maior parte dos quilombos urbanos já reconhecidos e em processo de regularização fundiária são gaúchos. Isso, com certeza, é resultado de anos de luta pelo acesso à terra urbana e pelo reconhecimento dos direitos históricos dos quilombolas, levado adiante pelos movimentos sociais, com a ajuda de bravos apoiadores da causa, dentre os quais eu destacaria o advogado popular Jacques Alfonsín.

domingo, 16 de dezembro de 2007

Plano 3.000 e a luta de classes em Santa Cruz, Bolívia

"A autonomia que Santa Cruz quer é elitista e excludente, nós preferimos continuar sendo só bolivianos."

O jornal Estado de São Paulo traz reportagem sobre o conflito entre a população do bairro de Plano 3.000, na periferia de Santa Cruz e as elites da cidade, os principais opositores às reformas do presidente Evo Morales Aymá. A matéria, assinada por Ruth Costas, é ilustrativa da situação da Bolívia e - em grande parte - aplica-se também à Venezuela.

"O curto trajeto de seis ou sete quilômetros que separa a rica cidade boliviana de Santa Cruz do bairro periférico chamado Plano 3.000 equivale a uma viagem ao longínquo altiplano do país. Na maior parte do Plano 3.000 não há água, luz, ou saneamento básico.

No total, 60% da população vive na pobreza e os outros 40%, na miséria. As ruas asfaltadas são apenas duas, uma delas levando a um amplo mercado a céu aberto onde se vende desde CDs piratas até carne de lhama - exposta por horas num balcão de madeira apesar do calor de 30 graus das terras baixas bolivianas nessa época do ano.

Todo o resto são caminhos enlameados e casebres precários, construídos na medida em que chegavam ao local imensas levas de bolivianos de todas as partes do país. “Viva a soberania indígena”, diz a mensagem no muro, que recebe os visitantes. A semelhança com a próspera Santa Cruz, repleta de edifícios e casarões arejados dos empresários do setor petrolífero e agroindústria, restringe-se às altas temperaturas e à umidade, em contraposição ao clima frio e seco de La Paz.

Não é difícil entender, portanto, porque o Plano 3.000 se tornou um dos principais redutos do presidente Evo Morales nos departamentos opositores do Oriente boliviano e um trunfo estratégico em tempos de alta tensão entre as “duas Bolívias” - a andina e a das terras baixas."

O miserável Plano 3.000 é um foco de resistência à campanha das elites de Santa Cruz contra o governo central:
"Sempre que as elites políticas e econômicas de Santa Cruz convocam greve geral contra o governo, os 200 mil habitantes dessa cidade-satélite trabalham normalmente. Na sexta-feira, quando Santa Cruz preparava um protesto pedindo mais autonomia de La Paz, no Plano 3.000 planejava-se comemorar a entrega ao Congresso do projeto para uma nova Constituição, elaborado pelo partido governista Movimento ao Socialismo (MAS), de Evo."

Os habitantes do bairro, a maioria indígena e todos pobres, dizem que se o departamento de Santa Cruz tornar-se autônomo, eles reivindicarão sua autonomia municipal em relação ao departamento: "Preferimos continuar sendo só bolivianos" - afirma Flora Silva, líder comunitária local. Ela declarou ainda que os moradores de Plano 3.000 têm medo de circular pela cidade de Santa Cruz, onde são ameaçados pela elite branca local. A reportagem do Estadão cita o caso recente de um aymara que fotografava um ato político e foi espancado por um grupo de jovens, defensores da autonomia de Santa Cruz. No dia seguinte, o principal líder de Plano 3.000 teve sua casa atacada com dinamite por membros de uma organização juvenil anti-Evo.



Santa Cruz e Plano 3.000 são a síntese da disputa existente na Bolívia. Uma luta entre históricos interesses de classe. De um lado, as elites de Santa Cruz, com seus privilégios coloniais ameaçados pelas reformas do governo central. De outro, a imensa população miserável e explorada desde que os espanhóis tomaram o Império Inca.
Evo Morales é apenas a face mais conhecida de um grande movimento: a revolução dos povos que bravamente resistem a uma guerra de extermínio de mais de 500 anos. A elite econômica boliviana deve tremer. As palavras finais de Túpac Catari, ditas há mais de dois séculos, estão ressoando em seus ouvidos: "Eu voltarei e serei milhões".

Sérgio Capriolli: CPMF e as contradições

Não iria comentar o fim da CPMF. Acredito já ter dito o suficiente sobre a contribuição e outros tributos. Contudo, escutando o programa Sérgio Capriolli, na Rádio Medianeira (sim, eu ouço bastante rádio, efeitos de não se ter televisão), achei interessante a observação do apresentador - que está longe de ser um "petista ou simpatizante", diga-se.

Capriolli lembrou que os criadores da CPMF comemoram seu fim e que um dos líderes da campanha pela não-renovação, Pedro Simon, votou a favor. E mais: todos eles (liderados por FHC), no dia seguinte, propuseram a recriação do tributo em 2008. Ou seja, não gostariam de governar o país, ou seus Estados, sem os 40 bilhões da CPMF. O que importava era "impor uma derrota a Lula", como estampou aquele arremedo de revista que a Globo vende.
Parabéns ao Sérgio Capriolli por ter independência e coragem de ir contra a opinião única. Confesso que escutava o programa (Medianeira, 100.9 FM, das 7h às 8h da manhã) pela excelente seleção musical, mas vou passar a prestar mais atenção nos comentários do apresentador.
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Além das contradições apontadas por Capriolli - dos tucanos e de Simon - eu aponto outra, que julgo ainda mais grave: o PSOL - fazendo, mais uma vez, coro com a direita - votou pela rejeição da CPMF. O partido de Heloísa Helena, apesar de abrigar Plínio Arruda Sampaio e Cesar Benjamin, está cada vez mais parecido com a ultra-esquerda anti-chavista venezuelana. Ou, talvez, estejam apenas se adequando à sua base eleitoral - pequena burguesia reacionária e moralista que é contra tributos e não precisa de Fome Zero. Viva o partido dos "coerentes".

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

O som da Cratera Urbana

Enquanto a CPMF era rejeitada no Senado, eu escutava o Pró-Música, melhor programa de rádio de Santa Maria. O tema de hoje era "Pró-Música Penitenciário", em que a história de diversos músicos "em conflito com a lei" foi contada, mesclada com músicas desses artistas e debates sobre a realidade carcerária brasileira. Tirei o chapéu pro pessoal que produz e apresenta o Pró-Música. Além da qualidade das informações e da seleção musical, ao longo dos 50 programas foram entrevistadas figuras como Marcelo Yuka, Chico Sosa, Cauby Peixoto, Zé do Caixão, João Barone, Sidney Magal, Martinho da Vila, Elza Soares, Jefferson Peres e, num mesmo programa, Gastão Moreira, B Negão e Lobão. Nenhuma outra produção radiofônica da Cidade Cultura fez entrevistas dessa envergadura.

O programa vai ao ar semanalmente nos 800 AM da Rádio Universidade, às 23h da quarta-feira e, na Web Rádio Universitária, na terça-feira às 12h, sexta-feira às 10h e sábado às 11h e 30min. Escutem! Valorizem uma produção de Santa Maria que supera em muito os cafezinhos da vida.

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Pegando uma carona na indicação: imperdível a Cultura na SEDUFSM deste dia 17 de dezembro. Será exibido o documentário "Botinada", de Gastão Moreira (já entrevistado pelo Pró-Música, inlusive), que conta a história do Movmento Punk no Brasil. Após a exibição, haverá debate com a presença do jornalista Homero Pivotto Jr., da professora do curso de jornalismo da UFSM, Veneza Mayora Ronsini e do músico e DJ, Max Chami. A coordenação da mesa fica por onta do radialista Márcio Grings. Para encerrar o evento, toca a banda Punk "Os Exumados".
A SEDUFSM fica na André Marques, 665 e a programação começa às 19h 30min do dia 17. Vale a pena, especialmente para quem, como eu, gosta de Punk. É bom compreender antes de repetir.

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Pimenta nos olhos dos outros...

O Dep. Federal Paulo Pimenta (dir.) apressou-se em responder publicamente às matérias do Diário de Santa Maria e do Zero Hora que noticiaram um suposto desvio na aplicação dos recursos advindos de uma emenda parlamentar por ele apresentada em favor da UFSM.
Hoje, o parlamentar iniciou a contra-ofensiva: pediu auditoria em todos os contratos da FATEC. Ou seja: Pimenta não quer ser o único postulante à Prefeitura com a imagem maculada pelas falcatruas da fundação de apoio. Até porque, como ele próprio lembra em sua nota, era costume entre os deputados federais da região esse tipo de "parceria" com Sarkis et caterva.
Dessa vez, ao que tudo indica, a auditoria nas contas da FATEC - que, só pra lembrar, foi tão pedida pela representação estudantil - vai sair. Será que Cezar Schirmer (esq.), até agora faceiro, gostou da notícia?
Aí embaixo, a Nota Pública de Pimenta:

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Em relação aos fatos divulgado na edição dominical de ZH e do Diário de Santa Maria de 9 de dezembro, esclareço o que segue:

1) De fato, por solicitação do ex-Reitor Paulo Sarkis, no final de 2004 apresentei emenda parlamentar para a UFSM, para a aplicação em projetos de extensão. Na oportunidade, o Reitor insistiu que não havia justificativa para que vários deputados fossem parceiros da Instituição em projetos desta natureza e não eu. Tivemos acesso a estes projetos e estou em busca das cópias e de suas prestações de contas.

2) A responsabilidade pela aplicação dos recursos é exclusiva da UFSM. A Universidade foi remunerada para aplicar, fiscalizar e prestar contas dos recursos.

3) Fomos informados no início de 2006 que todo o recurso havia sido aplicado e que a prestação de contas estava concluída e aprovada.

4) A vereadora Misiara Oliveira, na oportunidade Secretária Municipal de Assistência Social, Cidadania e Direitos Humanos, pela própria função que desempenhava, foi designada para acompanhar junto a UFSM os projetos, por solicitação da Instituição.

5) Em nenhum momento qualquer entidade, ONG ou pessoa física manuseou recursos. Todos os pagamentos foram feitos pela UFSM, mediante cheques nominais e notas fiscais e recibos correspondentes.

6) Recebi com surpresa o questionamento sobre a aplicação dos recursos. Nunca imaginei que sendo a UFSM a responsável pela emenda qualquer problema pudesse ocorrer.

7) Buscarei, através de medida judicial, acesso a toda a documentação relativa a prestação de contas dos recursos. Também no âmbito do Legislativo Federal já tomei providências para que possamos conhecer o conjunto de informações relativas a emendas parlamentares na UFSM. Se houver qualquer utilização indevida de recursos públicos, serei o primeiro a exigir o ressarcimento e a respectiva punição dos envolvidos.

8) Mesmo diante de fatos que buscam constranger nossa disposição de levar às últimas conseqüências as investigações sobre a possibilidade de uma quadrilha ter se utilizado do nome da UFSM para viabilizar o enriquecimento ilícito de grupos e pessoas, não desistiremos de possibilitar à toda comunidade o conhecimento pleno da verdade, independentemente de quem sejam os envolvidos. É no mínimo curioso que na medida em que estamos avançando numa investigação sem precedentes no RS, sobre uma organização criminosa, que desviou, segundo o MP Federal e a própria Policia Federal, cerca de 40 milhões de reais dos cofres públicos, os suspeitos sejam fonte de uma denúncia improcedente. Se alguma irregularidade ocorreu, que os responsáveis pela aplicação dos recursos sejam identificados e o uso inadequado de dinheiro público punido.

Me coloco à disposição para informações complementares.

Atenciosamente,

PAULO PIMENTA
Deputado Federal PT/RS

Todos os direitos humanos

Da Agência Brasil.

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Abaetetuba (PA) - Casas de palafita na cidade onde uma adolescente ficou presa por quase um mês em uma cela masculina. Líderes comunitários e religiosos reivindicam saneamento e investimentos sociais para combater outras violações aos direitos de crianças e adolescentes.
• Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr

Dando voz ao outro lado


De O Diario.info, via Blogoleone.

Ana Catarina - As FARC são apresentadas, nomeadamente na Europa, como guerrilha terrorista e os seus dirigentes acusados de envolvimento no narcotráfico. O tema dos sequestros é muito utilizado nas campanhas contra vocês. A sua manipulação é tão eficaz que conduz à dúvida, inclusive, pessoas progressistas. O que tem a dizer sobre o assunto?
Juan Leonel - Na nossa história sempre houve calúnias para deslegitimar a guerrilha. Primeiro chamaram-nos bandoleiros e assassinos. Depois, quando existia o campo socialista, o embaixador Louis Stamb apelidou-nos de narco-guerrilha, logo utilizado pelos meios de comunicação. Como não dispomos praticamente de imprensa é essa a informação difundida pelo mundo.

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Em entrevista com Juan Leonel, das FARC, realizada há dias numa cidade da América Latina, a autora aborda temas que permitem àquele comandante das FARC desmontar campanhas caluniosas contra a guerrilha de Manuel Marulanda e abordar o tema dos chamados sequestros e a acusação de envolvimento no narcotráfico.
Esclarecimento

O presidente fascista da Colômbia, Álvaro Uribe, acaba de suspender o diálogo sobre o Intercambio Humanitário, retirando ao presidente Hugo Chavéz e à senadora Pidedad Córdoba autorização para desempenharem o papel de mediadores entre as FARC e os representantes do seu governo. Uribe invoca como pretexto o facto de Chavéz ter falado directamente, pelo telefone, com o general Montoya, comandante chefe do Exército da Colômbia.

A decisão do presidente colombiano, que vai contribuir para aumentar o seu desprestígio na Europa, não retira actualidade à entrevista de Ana Catarina Almeida com o comandante Juan Leonel. Uribe fechou mais uma vez a porta ao Intercâmbio Humanitário.
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Vale a pena ler a entrevista de Juan Leonel a Ana Catharina Almeida, em O Diário.info.

• Foto: Jason P. Howe

domingo, 9 de dezembro de 2007

Arte de vanguarda na Gare

Algumas iniciativas de vanguarda em Santa Maria justificam o título de "Cidade Cultura". Esta é uma delas. O pessoal do OAM (ateliê de Objeto-Arte e Multimeios, do curso de Artes Visuais da UFSM) vai expor seus trabalhos na Gare da Estação Férrea a partir do dia 10 de dezembro, às 19h.

A professora Tetê Baranchini, orientadora do OAM, apresenta a exposição:
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Os trabalhos desta exposição são pesquisas que direta ou indiretamente perpassam as questões pertinentes ao “objeto”, pois não se pode pensar em arte contemporânea apenas no sentido de revisão da modernidade, mas se faz necessário colocar-se de forma incisiva nas poéticas os rompimentos de um tempo que já é posto.

Neste sentido torna-se perceptível a liberdade que se faz presente nas escolhas de suporte ou de linguagem aqui apresentadas. Existem os que se aproximam do bidimensional, assim como aqueles que se entregam ao espaço, e por vezes ao corpo, convidando o espectador a compartilhar de forma mais efetiva em suas ações. Mas todos buscam como objetivo o estranhamento perante o que esta estabelecido e firmado.
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Quero destacar que a escolha do local da exposição é um dado muito importante. A Gare da Estação é um espaço extremamente popular, além de ter um forte conteúdo histórico. Gostaria de ver essa possibilidade de interação da arte de vanguarda com a cultura popular se repetir mais vezes. Talvez fosse o caso de um projeto permanente no local, mesclando a produção artística acadêmica e da população, permitindo o diálogo entre ambos. Além disso, um projeto desse tipo poderia combater a absoluta falta de alternativas culturais na cidade (especialmente para a população não-universitária), já que os poucos espaços existentes são altamente restritos.

Só para dar uma idéia do teor da exposição, veja alguns dos trabalhos, com a apresentação dos próprios autores:

Anelise Witt: "Banner do frame 212 do vídeo Live TV"


Assim como a televisão tornou-se “onipresente”, o indivíduo que ela, enquanto a grande difusora de imagem e informação “cria”, também torna-se onipresente, não por possuir poderes paranormais, mas gerar indivíduos-padrão tanto aqui quanto lá.

Mônica Spohn: "Ação_RoupaMeia I"

A exibição não é necessariamente pública, ela é, antes de tudo, essa intimidade do corpo oferecida ao olhar do Outro. É preciso distinguir as maneiras de mostrar-se e a vontade de fazê-la como um ato estético. Este é o meu corpo, meu corpo real, que se torna representado e exibido através da auto-imagem fotógrafica.
Micheli Daronchi: "Corpo/ Acesso"


A descoberta do mundo, a experiência deste assim como todo
conhecimento efetuam uma passagem obrigatória por nosso corpo; nisso,
nosso corpo é um lugar de passagem.
Marcelo Forte: "Particípio, presente do infinitivo"
Oque vocês fazem quando estão juntos?
Vocês pensam? Não, a boca não deixa.
Vocês falam.
O que só vocês podem entender.
Raugoshi (s/ título)

Cores vibrantes e sonoridade de midias criam espaços de "lazer" , nesses o público tem a oportunidade de desenvolver a relação humor/participante através das diferentes formas que a ação da estrutura pode tomar perante o desenvolvimento do público junto a ela.

Kalinka Mallmann: "Série e/ou"


Você escolhe, manipula e olha.

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A exposição fica na Gare até a primeira semana de janeiro. Programa obrigatório.

Nota

Há algum tempo, ainda antes da Operação Rodin, um representante estudantil no Conselho Universitário da UFSM disse que se 100 contratos da FATEC fossem investigados, seriam encontradas 100 fraudes. Acredito que sua intenção tenha sido fazer uma hipérbole, mas estava descrevendo fielmente a realidade.

Veja a matéria publicada no Diário de Santa Maria deste fim de semana. Acredite, há mais coisa por vir. Aguarde.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Não deixe Frei Cappio morrer

Frei Luiz Cappio, desde que se começou a falar na transposição do Rio São Francisco, tem empreendido uma luta por uma rediscussão do projeto. Em 2005, iniciou uma greve de fome, cessada com o compromisso, assumido pelo governo federal, de ampliar os estudos e debates sobre a transposição. O não-cumprimento do compromisso fez com que a greve de fome tivesse reinício alguns dias atrás.

O economista Paulo Nogueira Batista Jr., escreveu um artigo sobre o assunto, publicado ontem por Cristóvão Feil, no Diário Gauche, de onde eu o reproduzo:
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Dom Luiz não pode morrer

Hoje é o décimo dia da greve de fome do bispo de Barra, dom Luiz Cappio. É a segunda vez que ele recorre a esse gesto extremo para lutar contra a transposição das águas do rio São Francisco. A primeira greve de fome, em setembro/outubro de 2005, durou 11 dias e foi encerrada por um acordo negociado pelo então ministro Jaques Wagner, atualmente governador da Bahia, em nome do presidente Lula.

Por esse acordo, o governo aceitou "prolongar o debate" sobre o projeto, "ainda na fase anterior ao início de obras, para o esclarecimento amplo de questões que ainda suscitem dúvidas e divergências".
Dom Luiz entende que o acordo foi descumprido. Em carta enviada na semana passada ao presidente da República, ele lembra que "o diálogo foi apenas iniciado e logo interrompido". Dom Luiz fez várias tentativas de retomar a discussão sobre o controvertido projeto. Em fevereiro deste ano, protocolou documento no Palácio do Planalto pedindo a reabertura e a continuidade do diálogo. A resposta foi o início das obras de transposição pelo Exército brasileiro.

O leitor pode imaginar o que é uma greve de fome? Quem quiser ter uma idéia pode ler a entrevista de dom Luiz à revista "Estudos Avançados" da USP ("O São Francisco, a razão e a loucura", jan./abr./2006, www.iea.usp.br/iea/revista). "É uma agressão tremenda", disse ele, "já que faz parte do instinto humano a preservação da vida. Só tendo uma convicção espiritual muito forte podemos vencer o instinto.
Os quatro primeiros dias são insuportáveis e muito dolorosos porque se tem a expectativa do organismo pelo alimento que deve receber, que vem de fora. Depois disso o organismo está psicologicamente preparado, pois sabe que não vai receber nada e passa a se autoconsumir. Você não sente tanto a necessidade do alimento, mas o enfraquecimento é visível e cada vez mais você percebe a debilidade em seu corpo. Começa a faltar a memória e aparecem as dificuldades de se locomover. Depois fiquei sabendo que, pelas previsões médicas, eu agüentaria apenas mais dez dias."
Mas a determinação de dom Luiz continuou inalterada. Ele avisou diversas vezes que voltaria ao jejum se o acordo de 2005 fosse descumprido. Na carta enviada na semana passada ao presidente Lula, disse que desta vez só suspenderá a greve de fome "com a retirada do Exército nas obras do eixo norte e do eixo leste e o arquivamento definitivo do projeto de transposição das águas do rio São Francisco" (a íntegra da carta e diversos outros documentos relacionados à luta de dom Luís podem ser encontrados no endereço eletrônico http://www.umavidapelavida.com.br/).
A morte dom Luiz seria uma imensa perda. O governo precisa escutar o seu apelo. Em artigo publicado na Agência Carta Maior, em março último, Leonardo Boff, que conhece dom Luiz há muitos anos, já advertira que, se o governo implementasse o projeto sem levar em conta a existência de alternativas que muitos especialistas consideram mais baratas e socialmente mais eficazes, "podemos contar com nova greve de fome do bispo".
E acrescentou: "Entre o povo que não quer a transposição e as pressões de autoridades civis e eclesiásticas, dom Luiz ficará do lado do povo. E irá até o fim. Então a transposição será aquela da maldição, feita à custa da vida de um bispo santo e evangélico. Estará o governo disposto a carregar essa pecha pelo futuro afora?".
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Assine o abaixo-assinado em apoio a Frei Luiz Cappio e em defesa do Rio São Francisco.

• Fotos: Marcelo Min / Agência Fotogarrafa.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Análise das Ações Afirmativas da UFSM

A política de cotas adotada pela UFSM para o próximo vestibular é o tema do Trabalho de Conclusão de Curso de Direito de Cesar Freitas Jacques. A monografia será defendida nesta sexta-feira (7/12), às 17h, na sala 303 da Antiga Reitoria (Floriano Peixoto, em frente ao colégio Santa Maria). Na banca, os Pró-reitores de Assuntos Estudantis, José Francisco Dias e de Graduação, Jorge Cunha, além da Prof. Jânia Maria Lopes Saldanha, autora da resolução que institui as Ações Afirmativas.
Grande pedida para quem se interessa pelo tema.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

UFSM adere ao REUNI

A manchete é da página da Universidade. Para aqueles que eram terminantemente contrários à adesão, a luta termina aqui. No entanto, para quem vê o REUNI como um programa contraditório, que deve ser disputado, a luta continua. E agora não adianta apenas gritos, faixas e palavras de ordem - que foram muito importantes. Agora precisamos de uma intervenção qualificada, com críticas propositivas, para alcançar os benefícios advindos da expansão sem sacrificar funções importantes da Universidade.
Outra questão, que não se encerra aqui para ninguém, é a repressão que o Movimento Estudantil sofreu durante o processo de aprovação do Plano de Reestruturação e Expansão da UFSM. É preciso manter a oposição ao autoritarismo de Lima e contribuir na campanha nacional dos Movimentos Sociais pela supressão do interdito proibitório do ordenamento jurídico brasileiro.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

O difícil caminho (democrático) para o socialismo

Ninguém pensou que seria fácil. Não se muda as estruturas econômicas e sociais de um país sem muita luta. O presidente Hugo Chávez (eleito democraticamente e sem fraudes eleitorais) vem conduzindo a Venezuela a um novo patamar histórico. Com respaldo popular, Chávez faz o que todo governo de esquerda deveria fazer: usa o poder político como arma das classes dominadas contra os detentores do poder estrutural. Nos últimos anos, o líder bolivariano alcançou inúmeras e seguidas vitórias. Neste domingo teve um revés.

Por cerca de 1 ponto percentual, perdeu o referendo popular que aprofundaria o processo de reformas de base da Venezuela, proibindo latifúndio, diminuindo a jornada de trabalho e instaurando um processo de redistribuição de recursos e bens (conheça mais da proposta de reforma constitucional na Carta Maior). O ponto utilizado pelos opositores (nacionais e internacionais) para atacar a reforma foi a possibilidade de eleições ilimitadas do Presidente. Chamaram de ditadura.

Talvez a direita latino-americana – que tantas vezes impôs regimes de exceção – não tenha bem claro o sentido do termo “ditadura”. Bom, não é de se estranhar que quem chamava o regime militar brasileiro de “Revolução Redentora”, chame a possibilidade de reeleição ilimitada de “ditadura”.

Pessoalmente lamento que o processo político da Venezuela ainda necessite da condução de um líder carismático como Chávez para manter sua coesão. Contudo, de líder com amplo respaldo popular a ditador, há muita diferença. Em nenhum momento, Chávez deixou de respeitar o império da lei, princípio básico do tão alardeado Estado Democrático de Direito. O socialismo venezuelano está sendo construído – entre avanços e retrocessos – estritamente dentro dos limites da democracia formal. Assim foi nas vitórias do governo, assim está sendo nesta derrota circunstancial. As reformas de base da Venezuela serão novamente propostas, respeitando todos os trâmites e formalidades do caminho legalmente democrático. Mais do que isso: com profunda e efetiva discussão dos projetos e com ampla liberdade de expressão dos seus opositores. Coisa que, aliás, nem nas Universidades brasileiras nós temos.

A heresiarca-mor voltou

Descobri e tomei gosto pela tal de "blogosfera" por culpa de dois blogues: o Animot, que já citei aqui tantas vezes, e La Vieja Bruja, que andava ausente, mas que agora, pra nossa alegria e desespero dos Sirotsky, está de volta. Mais perigosa do que nunca.

O mundo é um moinho


Vou falar agora de duas coisas que havia decidido não abordar neste espaço: minha vida e questões internas do meu partido.

Eu comecei minha militância no Partido dos Trabalhadores piazito ainda, por volta dos treze anos, quando, de enxerido, ia às reuniões do diretório municipal de São Borja sempre que havia um ato, mobilização ou congênere. Com uma mistura de Marx, Trotsky, Frei Betto e Leonardo Boff ainda mal digerida na cabeça, uma camiseta com a figura do Che estampada e, sobretudo, aquela estrela no peito, que parecia me deixar dois palmos mais alto, tanto orgulho eu sentia.

Ser petista em São Borja, naquela época, era praticamente um crime. Era afrontar uma ordem coronelista de latifundiários falidos e políticos serviçais que se revezavam no poder. A ditadura, com a longa intervenção militar na cidade de fronteira, tinha deixado suas marcas bem profundas. Para os padrões locais, aquela reunião de sindicalistas, professores grevistas, trabalhadores sem-terra e sem-teto, mais os “igrejeiros” das pastorais, era um núcleo subversivo. Lembro de um panfleto que respondia a quase todas as dúvidas políticas que eu tinha naquele tempo. Lembro da bandeira vermelha com a estrela dourada no centro. Lembro da fé dos companheiros. Sim, a fé que transparecia no mínimo gesto; que transformava cada ato num passo decidido na direção de um mundo melhor.

Mesmo as práticas mais corriqueiras guardavam um significado especial. Eu via aquelas pessoas e pensava que aquele partido tinha um compromisso com a história.

Não sei se eu era demasiadamente ingênuo e minha percepção mudou, ou se o nosso partido mudou. Disse o companheiro Igor de Bearzi, esses dias, que temos um partido que encantou e continua encantando jovens por todo o Brasil. Mas eu temo que se tivesse novamente meus treze anos hoje, não me encantaria com o que vi.

Vi meus companheiros de partido aplaudirem o número expressivo de votantes no Processo de Eleições Diretas do PT, mesmo sabendo que não houve nada mais do que um simulacro de debate interno; mesmo sabendo que a maioria dos votantes não sabia no que votava; mesmo sabendo que grande parte deles fora “carreada” por deputados locais.

Vi meus companheiros aplaudirem a transformação do PT em um outro partido qualquer, que em quase nada difere dos partidos coronelistas lá de São Borja. Não, esse PT não me encanta mais.

Temo, porém, que o tempo agora não seja de encantamentos. Talvez seja tempo de fezes e maus poemas, como disse o Drummond. E, num tempo desses, quem sabe nos reste apenas semear flores, para que, ao menos uma, fure o asfalto, o nojo e o tédio. Para que, ao menos uma – por feia que seja – apareça para encantar algum passante.
• Informaria aqui o resultado do PED municipal, mas não tive ânimo. Aqueles que ainda não sabem, vejam no Claudemir.
• Drummond: "A flor e a náusea".
• Cartola: "O mundo é um moinho".