sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

TCE rejeita contas de São Borja



Da Radioweb República
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No programa de rádio Tribuna Livre, que vai ao ar pela Rádio Comunitária Butuí FM aos sábados das dez e meia ao meio-dia, com transmissão pela Radioweb República, essa informação foi divulgada. A decisão é referente ao exercício de 2005. Até agora, nenhum esclarecimento público da Prefeitura. Só evasivas do tipo "a informação não procede" e outros lugares-comuns.

Por isso, postamos no blogue da República para pedir que os blogueiros nos ajudem a interpretar o fato. Será que os republicanos estão perseguindo o prefeito? Será que o Extrato de Ata leva a um mundo além da imaginação ou do Cidadão Kane da esfera municipal? Será que a Primeira Câmara do Tribunal de Contas do Estado é uma abstração? Será que a população de São Borja não merece saber como o prefeito gasta o dinheiro público?
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Pelo visto, a novela continua a mesma. Imagine um lugar em que há uma versão oficial de tudo. Invariavelmente a versão forjada pelos piolhos-de-pelego dos estancieiros falidos. Não adianta prova em contrário. Quem discorda é louco, burro ou está de má-fé. Essa é a cidade do pensamento único, forjada durante a ditadura militar, onde a hipocrisia é tão necessária para a manutenção da sociedade quanto a água para a vida.

Espero que algum dia eles ainda se conveçam que a terra é redonda e que se move em torno do sol. Até lá, no entanto, muitos loucos vão arder na fogueira.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

COTAS: impasse longe de ser resolvido

por Cesar Freitas Jacques

A Universidade Federal de Santa Catarina, no dia de ontem, foi tolhida no exercício de sua autonomia por decisão em caráter liminar da Justiça Federal de SC, a qual estabelece a suspensão do sistema de cotas naquela instituição de ensino superior. Segundo a reportagem do site Yahoo!, o “fundamento” da decisão do magistrado da Justiça Federal baseou-se tão somente no fato de a resolução que instituiu as cotas ser uma norma interna da instituição e não uma lei, o que para o magistrado não seria possível.
Cabe lembrar, entretanto, que as instituições federais de ensino superior gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, conforme o Art. 207 da CF/88 o que respalda e legitima que cada instituição de ensino, de acordo com critérios que variam, segundo peculiaridades de localização geográfica, e dados estatísticos de quem acessa os bancos escolares da academia, crie formas diversas do processo tradicional de ingresso na universidade, o qual sabidamente é excludente e privilegia no mais das vezes pequena parcela da sociedade a freqüentar a universidade.
Portanto, parece um tanto “equivocada” a decisão que revogou a possibilidade da UFSC permitir o ingresso de seus universitários pelo sistema de cotas, já que não há nada que obrigue, em lei, que o processo seletivo para o acesso à universidade tenha que ser pelo sistema tradicional do exame vestibular. Talvez, caso isso venha a acontecer, possamos ver um dia o judiciário proferir decisões que estejam “além” de seus preconceitos e ideologias, a partir da necessária “exposição” de negros, pessoas de baixa renda e os “bem nascidos” dentro da universidade, realidade que só pode ser alcançada de forma efetiva a partir do sistema de cotas. Enquanto isso, necessário que se lute contra decisões que parecem desconsiderar o texto da Constituição Federal como a que suspendeu as cotas na UFSC.
César Freitas Jacques é bacharel em Direito pela UFSM e autor da monografia A política de ações afirmativas – cotas – nas Instituições Federais de Ensino Superior.
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Este é um artigo de opinião assinado. O seu conteúdo é mérito e responsabilidade do autor e pode ou não refletir a opinião do redator do Diário da Cratera Urbana.

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Artigo: Espaço Público na Cidade Cotemporânea- final

Parte I
Parte II
Parte III

A Problemática do Espaço Público na Cidade Contemporânea IV
por Letícia Castro Gabriel


Consideração Final

A cidade contemporânea que passa a ser cindida, apresentando uma imagem descontínua e heterogênea, o que significa fortes fraturas ou perturbações (Arroyo, 2007), que sofreu alterações físico-espaciais e socioculturais, se comparada com a cidade tradicional possuindo algumas dualidades dialéticas entre expansão/concentração, fragmento/totalidade, inovação/conservação e projeto/estratégia, necessitam de um novo enfoque para a dinamização das ações urbanas, sejam econômicas, sociais ou culturais, visando a produção de espaços públicos devidamente reconhecidos e apropriados pela sociedade, que possuam vínculos simbólicos e efetivos, ligados ao imaginário coletivo, além de apresentar características que os insiram em um contexto onde predomina a mobilidade, a circulação, o instantâneo, o momentâneo, a eventualidade a multiplicidade, enfim, o imprevisto.

Bibliografia
ABASCAL, Eunice Helena. Cidade e arquitetura contemporânea: uma relação necessária Arquitextos 066. Arquitextos 066, nov. 2006.

AUGÉ, Marc. Los no lugares. Espacio del anonimato. Una antropología de la sobremodernidad. Barcelona: Editora Gedisa, 2004.
ARROYO, Julio. Accionar en el espacio público. In: BERTUZZI, Maria Laura. Ciudad y Urbanización: problemas y potencialidades. Santa Fe: Editora Universidad Nacional del Litoral, 2005.

______, Julio. Bordas e espaço público. Fronteiras internas na cidade contemporânea Arquitextos 081. , fev. 2007.

BERTUZZI, Maria Laura. Ciudad y urbanizacion: problemas y potencialidades. Santa Fé: Editora Universidad Nacional del Litoral, 2005.
BORJA, Jordi. CASTELLS, Manuel. Local y global: la gestión de las ciudades en la era de la información. Madrid: Edição Taurus, S.A. Grupo Santillana, 1997.
_____, Jordi. Espaço Púlbico, condição da cidade democrática. A criação de um lugar de intercâmbio. Arquitextos 072, maio 2006. Artigo publicado no Café de las Ciudades, ano 5, nº 42, em abril de 2006 <cafe de Las Ciudades>.

CANCLINI, Nestor Garcia. Imaginários urbanos. 3ª edição. Buenos Aires: Eudeba, 2005.

DIAS, Fabiano. O desafio do espaço público das cidades do século XXI Arquitextos 061. , jun. 2005.

FILHO, Raphael David dos Santos. Espaço público contemporâneo: as recentes transformações no espaço público urbano e suas conseqüentes implicações para uma crítica aos conceitos tradicionais do urbano Arquitextos 055., dez. 2004. Publicado nos Anais do NUTAU2004 – Demandas Sociais, Inovações Tecnológicas e a Cidade – Seminário Internacional, de 15 de outubro de 2004, USP, São Paulo Brasil.

HARVEY, David. La condición de la posmodernidad: Investigación sobre los orígens del cambio cultural. Buenos Aires: Amorrortu, 2004.
KRIER, Rob. El espacio urbano: proyectos de Stuttgart. Barcelona: Editora Gustavo Gili, 1981.
LIMA, Evelyn Furquim Werneck. Configurações urbanas cenográficas e o fenômeno da “gentrificacao” Arquitextos 046, mar. 2004.

LIPAI, Alexandre Emílio: Metrópole e as múltiplas dimensões do espaço público. Praça da Sé, São Paulo, Brasil Arquitextos 068, jan. 2006. Texto apresentado como palestra nas “VII Jornadas de Imaginarios Urbanos” promovida pela Escuela de Posgrado - (FADU / UBA): Facultad de Arquitectura, Diseño y Urbanismo / Universidad de Buenos Aires: Carrera de Especialización en Historia y Crítica de la Arquitectura y del Urbanismo, Buenos Aires, abr. 2005.

MELLO, Luiz Fernando da Silva. O imaginário do espaço: a ferrovia em Santa Maria Arquitextos 066, nov. 2005. Excerto do seguinte texto: MELLO, Luiz Fernando da Silva. O imaginário do espaço e o espaço do imaginário: a ferrovia em Santa Maria, RS. Dissertação de mestrado. Porto Alegre, PROPUR, 2002.

NOVICK, Alicia. Espaços públicos e projetos urbanos. Oposições, hegemonias e questões Arquitextos 054, nov. 2004. Publicação original: NOVICK, Alicia. “Espacios y proyectos: oposiciones, hegemonías e interrogantes”. En NOVICK, Alicia (editora), Las dimensiones del espacio público. Problemas y proyectos. Subsecretaría de Espacio Público y Desarrollo Urbano, Gobierno de la Ciudad de Buenos Aires, 2003. p. 65-74. ISBN 987-1037-18-X.

Espaço “não” público na cidade atual – Caminho Oscar Niemayer, Rio de Janeiro


Inexistência de um espaço público, onde não há a articulação entre as formas físicas, usos sociais e significados culturais, como uma inserção no contexto da cidade contemporânea – Memorial da América Latina, São Paulo.


Revitalização em espaço público consolidado – Praça do Patriarca, São Paulo

Apropriação do espaço público – Parque Ibirapuera, São Paulo.



Revitalização de área degradada, antes industrial, buscando referências simbólicas no imaginário social – Sesc Pompéia, São Paulo

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Este é um artigo assinado. O seu conteúdo é mérito e responsabilidade da autora e pode ou não refletir a opinião do redator do Diário da Cratera Urbana.

Cuba em debate na CEU II



Mitos e Verdades sobre Cuba

Com José Godinho, dirigente da Associação Cultural José Martí, nesta quarta-feira, às 19h, na União Universitária (campus da UFSM, sobre o RU). Mais informações pelo e-mail abracatuacasa@gmail.com.

Artigo: Espaço Público na Cidade Contemporânea III

Leia a parte II aqui


A Problemática do Espaço Público na Cidade Contemporânea III
por Letícia Castro Gabriel


A produção de espaços públicos na cidade contemporânea

Na cidade contemporânea, caracterizada por um complexo sistema de circulação, redes e fluxos, na qual predomina a noção de fragmentação, dificultando a sua percepção, uma nova problemática passa a se apresentar com relação à configuração de espaços públicos, os quais necessitam desempenhar seu papel nestes novos lugares, que são ao mesmo tempo ausência e território, onde a vida cotidiana segue desenvolvendo-se, mesmo que efêmera, dinâmica e fluida.
É nessa nova dinâmica contemporânea onde a mobilidade e os deslocamentos definem uma série de acúmulo de lugares, de pontos nos quais se encontram distintos fluxos, tanto de sistemas de circulação e de transportes, quanto de malhas urbanas que necessitam se conectar a fim de permitir a vida econômica e a reestruturação do território. Assim, os espaços subutilizados e degradados, que guardam a ambigüidade de significado entre passado e presente ficam à margem desta lógica de fluxos e organização utilitária, os quais devem ser resgatados e reintegrados à vida urbana, sendo paradoxalmente simulacros ou imagens e geradores de projetos de subjetividade, dotados de contradição e potencialidades do estar urbano (Abascal, 2006).
Salienta-se, pois, para a importância das atividades de reconversões urbanas em áreas degradadas, obsoletas ou em processo de abandono e descaracterização, sendo tradicionalmente áreas industriais ou portuárias que possuem certa relevância histórica, seja sob o enfoque político, econômico, social ou cultural, as quais influenciaram a formação do imaginário coletivo de uma determinada sociedade e que, se reativado, relembrado ou mencionado, tende a reverter, mesmo que pontualmente, a cultura do individualismo, que se faz presente nas atuais situações de desestruturação cultural.

Assim, para a produção de espaços públicos na cidade atual, tornando fluidos os limites entre forma, espaço e contexto, necessita-se de um novo enfoque ou modelo, não conservador e inclusivo, o qual tende a admitir a flexibilidade e espaços urbanos cuja harmonia se dá através da coexistência de um jogo de antagonismos substituindo aquele pautado nos ideais de unidade e equilíbrio, mesmo que frente ao paradigma, que questiona a espacialidade estática e a homogeneidade de tempo e espaço modernos (Abascal, 2006).
(segue)
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Este é um artigo assinado. O seu conteúdo é mérito e responsabilidade da autora e pode ou não refletir a opinião do redator do Diário da Cratera Urbana.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

São Borja republicana!


São Borja ocupou um papel de destaque em muitos momentos da história brasileira. Não só por Getúlio ou por Jango. Foi ali, ao redor da Praça XV, que se instalou a primeira das reduções jesuíticas conhecidas como Sete Povos das Missões. A chamada Guerra do Paraguai teve naquelas paragens uma batalha decisiva. Em 1888, de sua Câmara de Vereadores, liderada por Aparício Mariense (sentado, à esquerda), partiu a Moção Plebiscitária Republicana, propondo um plebiscito acerca do regime de governo do país. Os proponentes foram exilados pelo Império, porém, um ano mais tarde, o movimento iniciado por sua moção culminava na Proclamação da República.

No entanto, menos de um século depois, a histórica cidade de terra vermelha encontrava-se em situação bem mais triste. Não havia sequer ruínas da civilização guranítica e a casa do ideólogo da República dera lugar ao prédio da CRT. O município do presidente deposto, João Goulart, era governado por um interventor, mandalete de milicos e representante da oligarquia agrária conservadora.
A herança desse tempo bem menos heróico foi uma sociedade avassalada, oficialmente baseada no puxa-saquismo e na ignorância ostensiva, onde não poderia haver qualidade pessoal mais apreciada que a hipocrisia. A velha elite provinciana, acostumada a ser sustentada pelo adubo-papel, faliu assim que a mesada do Banco do Brasil acabou. Deu aula de como perder tudo, menos a pose, a arrogância, o preconceito.
Assim era a São Borja dos anos 90, uma cidadezinha poeirenta, que sequer conhecia direito as quimeras do seu passado brioso, sonhando com a cantilena manjada de todo politiqueiro de plantão: desenvolvimento! indústria! E sobretudo: ponte!
Imagino que as gordas senhoras da elite local tenham franzido o cenho, contrariadas, quando o que se disse foi Universidade Pública!
Pois bem, a Universidade Federal do Pampa (foto ao lado) - provisoriamente administrada pela UFSM - instalou-se em São Borja e, pelo visto, está conseguindo o impossível: romper com a herança maldita dos tempos do Sr. Interventor e seus asseclas - quero dizer, correligionários.
Digo isso porque das bandas da fronteira chega a voz da Radioweb República, inaugurada 120 anos após a Moção Plebiscitária Republicana de Aparício Mariense. E pelo "editorial" de arrancada, publicado no blogue da rádio, o que vem por aí é o resgate daquela São Borja que tinha a audácia, a ousadia, de querer entrar para a história.

domingo, 20 de janeiro de 2008

Artigo: Espaço Público na Cidade Contemporânea II

Leia a 1ª parte aqui


A Problemática do Espaço Público na Cidade Contemporânea II
por Letícia Castro Gabriel
O imaginário da cidade
O imaginário social, representado por um conjunto de sistemas simbólicos de idéias e imagens de representação coletiva, corresponde às representações das manifestações culturais, de forma que os aspectos contextuais da dinâmica espacial e social podem vir a ser reconhecidos como característicos de um espaço social, implicando um sentido de lugar. Sendo assim, a necessidade de socialização inerente à condição humana, tende a configurar “territórios” não apenas espaciais como também abstratos onde diferentes grupos vão interagir segundo seus interesses particulares. Assim, pode-se identificar a cidade tanto através de percepções físicas (sistema viário, de usos, edilício), como também através de símbolos, valores, crenças, culturas, memória, que se justapõem ou se interpenetram configurando assim, o imaginário social (Mello, 2002).
Dessa forma, o imaginário social caracteriza-se por ser um componente fundamental da história e da memória de uma coletividade que, através de vínculos sociais e referências comunitárias, a sociedade atualmente se apóia, mesmo que de forma distante e frágil.
A cidade contemporânea
Até então, os conceitos da cidade tradicional apontavam para uma idéia de cidade baseada na centralidade, estruturada, definida e organizada em sua totalidade, na qual os espaços públicos são territórios demarcados, consolidados no espaço e no tempo através das formas, usos e significados historicamente relevantes. No entanto, na cidade contemporânea, os fenômenos introduzidos pela mundialização (capitalismo transnacional de base pós-industrial, modo informacional de produção, recolhimento da subjetividade), geraram descentralização, dispersão e fragmentação, acabando por interferir nas coordenadas espaço-temporal, que até agora ofereciam referência, identidade e sentido ao espaço urbano e que intensificam a percepção do espaço público como uma dimensão desestabilizada e errática da cidade, inteiramente anômico, degradado e desvalorizado (Arroyo, 2005). Sendo assim, a cidade contemporânea é o espaço símbolo da mobilidade, onde a vida cotidiana se organiza a partir do tempo mais do que do espaço, se estrutura em termo de itinerários diários, com ritmos impostos por pautas de trabalho e ócio, dias úteis e fins de semana, e os gestos repetitivos dos deslocamentos e do consumo (Crawford, 1999), espaços onde há preponderância dos fluxos, informações, pessoas ou mercadorias conectadas em redes cuja máxima função é a dinamização do sistema territorial e econômico, de forma a parecer opor-se à lógica tradicional estabelecida dos lugares e com o discurso da identidade.
Ainda, a definição de cidade, com enfoque sobre a modernidade e estendendo-se à pós-modernidade, caracteriza-se como uma síntese do sistema por meio do qual a sociedade constrói a imagem de si mesma e de suas relações com o espaço e o território, abarca também a idéia de que a cidade atual é um campo experimental por excelência, sejam estas experimentações (culturais, produtivas, teóricas, artísticas ou arquitetônicas) bem-sucedidas ou geradoras de frustrações (Abascal, 2006), explicitando as condições de constante mudança referentes à fugacidade e a transitoriedade. No entanto, há uma busca da identidade, do reconhecimento na diversidade, o lugar em meio à rede de nós ou fragmentos urbanos, ao mesmo tempo em que definimos uma nova forma de abordagem espacial, aquela que abarca o estranhamento e o lugar.
Sendo assim, percebe-se uma alternância, um fluxo que vai do espaço público (material, normativo, estruturado e estruturante) ao público (narrativo, simbólico, fluente, débil). O espaço público pré-concebido passa a dar lugar à experiência particular e própria, sendo um processo permanente de discussão e de definição, variando de indivíduo para indivíduo e de grupo para grupo, transformando permanentemente o âmbito do urbano através de movimentos e ações, sejam subjetivas e coletivas, sendo uma experiência de ação que modifica o espaço público dando lugar a episódios do público. O público é o efeito dessa ação de viver na realidade eminente da vida cotidiana, na qual os homens se vêem incorporados a determinadas situações tal como eles mesmos as definem no contexto de sua vida na cidade (Arroyo, 2007).
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Este é um artigo assinado. O seu conteúdo é mérito e responsabilidade da autora e pode ou não refletir a opinião do redator do Diário da Cratera Urbana.

sábado, 19 de janeiro de 2008

A Jaqueta Infernal

Como já venho dizendo há tempos, é no "circuito alternativo" (aquele que não vai pro shopping, nem aparece na TV) que a Cidade Cultura existe. O curta-metragem "trash" A Jaqueta Infernal, dos estudantes Mirieli Costa e Diogo Rodrigues de Souza é uma clara amostra disso. Com locações na CEU II (casa do estudante, no campus da UFSM) e ao som de Welcome to the Jungle, o pessoal produziu um novo marco do cinema mudo. Muito bom! Clique nas letrinhas azuis e prepare-se... a vingança do emo incompreendido vem aí.
Mirieli Costa: roteiro, imagens direção e edição
Diogo Rodrigues Souza: roteiro, imagens e produção
Elenco: Mirieli Costa, Diogo Rodrigues Souza, Daiane de Oliveira Pires, Fábio Purper Machado, Luiz Fernando de Souza Borges.
O filme doi selecionado para o Festival de Cinema Universitário e venceu o 1º Curta Cabo Frio, na modalidade filme em máquina fotográfica. A fama já rendeu uma inevitável seqüência: veja o trailer de Jaqueta Infernal Vol II: O Bagulho Diabólico.
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Com a dica de Pedro Silveira, o astro do Vol. II.

Artigo: Espaço Público na Cidade Contemporânea I

O texto a seguir é a primeira parte do artigo A Problemática do Espaço Público na Cidade Contemporânea, de Letícia Castro Gabriel, que será publicado em capítulos nos próximos dias. Com o último capítulo, a bibliografia completa.

A Problemática do Espaço Público na Cidade Contemporânea
por Letícia Castro Gabriel

Este ensaio intenta estabelecer análises preponderantes sobre a problemática na construção dos espaços públicos na cidade contemporânea, partindo de uma premissa relativa à importância do imaginário social como um conjunto de sistemas simbólicos de idéias e imagens de representação coletiva, os quais correspodem aos aspectos socio-culturais, que se aproximam dos laços afetivos e simbólicos dos atores sociais envolvidos nos processos de apropriação dos espaços urbanos. E ainda, das alterações espaço-temporal advindas com a contemporaneidade, ou seja, pela transição entre o “espaço público” e o “público”, conotando uma territoriedalidade instantânea e mometânea a um determinado espaço, alterando consideralvemente tanto o comportamento e a percepção da coletividade quanto a produção dos espaços públicos na cidade atual.
Conceitos: O Espaço público
São várias as conceituações para o espaço “público” urbano, o qual, de maneira geral, pode-se definir em um espaço central que dá realidade material e simbólica a cidade (Arroyo, 2005), ou seja, entendendo-o como um território específico dotado de suas próprias marcas e signos de delimitação (Arroyo, 2007) e que é pensado como plural e condensador do vínculo entre a sociedade, o território e a política (Novick, 2003).
Também são espaços de livre acessibilidade, de uso comum dos cidadãos e de coesão da sociedade, apresentando como características o fato de ser geral (refere-se a cidade como uma totalidade), coletivo (para uso e disfrute de todos os habitantes), comum (pertence aos cidadaos e são regidos pelo direito público) e representam uma hierarquia no ordenamento urbano (corresponde a interesses superiores por representar o bem comum) (Arroyo, 2005). Ainda, o espaço público constitui a cidade tanto em sua dimensão físico-espacial quanto sociocultural, sendo que os processos que ali se desenvolvem são capazes de dar sentido à vida pública dos cidadãos.
Ainda, o espaço público também apresenta como indicadores as formas físicas, os usos sociais e os significados culturais, o qual passa a ser socializado a partir do momento em que há um consenso, um acordo entre a população que participa desse processo. Além disso, são múltiplas as implicações do espaço público passando pelas dimensões estatal (o marco normativo, as instituções oficiais e a vigência do direito), sociopolítica (o exercício da cidadania, a consciência política) e sociocultural (os imaginários sociais e os processos simbólicos da vida urbana).
Assim, todos os elementos sejam eles materiais ou abstratos conotam uma linguagem através da qual o espaço público é manifestado e representado. Portanto, para a sua produção, identificam-se atributos de ordem funcional e de ordem cultural. Quanto à qualidade funcional, associa-se ao grau de atendimento às necessidades as quais geraram a existência deste espaço. Já a qualidade cultural associa-se ao grau de satisfação associado à imagem e memória a que este espaço remete, evoca, sugere, e que se constitui no imaginário coletivo de uma determinada comunidade, o qual pressupõe subjetividade e, mais ainda, inúmeras percepções individuais e, por isso, mais próximas às características humanas.
Letícia Castro Gabriel é estudante de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Santa Maria, em mobilidade acadêmica na Universidad del Litoral, Santa Fé, Argentina.
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Este é um artigo assinado. O seu conteúdo é mérito e responsabilidade da autora e pode ou não refletir a opinião do redator do Diário da Cratera Urbana.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Plano Diretor é coisa de arquiteto?

Em abril de 2007, o Conselho Federal de Arquitetura e Urbanismo (CONFEA) “decidiu” que a coordenação de projetos de elaboração de Planos Diretores é atribuição exclusiva de arquitetos. O fato gerou uma boa discussão numa comunidade do orcute (coisa rara por lá, diga-se), incluindo até a questão da função do Plano Diretor.

Daqui uns dias eu sintetizo minha posição e publico aqui. Por enquanto, quem se interessar pelo tema pode clicar nas letrinhas azuis aí em cima e contribuir no debate.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Sobre o espaço público urbano

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Na cidade contemporânea, caracterizada por um complexo sistema de circulação, redes e fluxos, na qual predomina a noção de fragmentação, dificultando a sua percepção, uma nova problemática passa a se apresentar com relação à configuração de espaços públicos, os quais necessitam desempenhar seu papel nestes novos lugares, que são ao mesmo tempo ausência e território, onde a vida cotidiana segue desenvolvendo-se, mesmo que efêmera, dinâmica e fluida.
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Trecho do ensaio A problemática do espaço público na cidade contemporânea, de Letícia Castro Gabriel. Em breve, a íntegra do texto aqui no Diário.

sábado, 12 de janeiro de 2008

Página/12 sobre Chávez

O periódico Argentino Página/12, na bela matéria intitulada "Libertades":

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Más allá de las controversias que despiertan su estilo tropical y sus definiciones ideológicas, Chávez demostró, con el referendo que perdió, la determinación democrática de respetar al veredicto de las urnas y, con lo que él denominó “Operativo Emmanuel”, la capacidad para contribuir a la pacificación regional, pese al asedio hostil de Washington.
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Não deixe de fazer a leitura completa do artigo assinado por J. M. Pasquini Durán, que trata ainda da Argentina no início do governo Cristina Kirchner, com uma pertinente reflexão sobre o machismo na política.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Sr. F recomenda

Chamo a atenção para a carta com a qual o corajoso Bispo de Barra, Dom Luiz Cappio, encerrou seu jejum. Mesmo se eu não concordasse com sua causa (nossa causa, como ele ressalta), não deixaria de admirar sua coragem. Além da fome, Frei Cappio enfrentou duros (e covardes) ataques à sua moral, vindos da direita e, principalmente, de setores (que ainda se dizem) da esquerda. De outra banda, porém, veio o apoio de Movimentos Sociais, personalidades e da própria CNBB.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Duas questões sobre notícias de hoje

E Chávez é o louco?
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, apesar da sabotagem explícita do governo colombiano, conseguiu a libertação das reféns das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC). Uribe, presidente da Colômbia, tentou atrapalhar de todo o jeito a libertação de suas aliadas políticas.
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A CPMF saiu pela culatra da oposição?
Pensando bem, a não prorrogação da CPMF pode trazer avanços. Em que pese o esforço das grandes empresas de telecomunicação em caracterizar o fato como indiscutivelmente positivo, pela primeira vez, boa parte das pessoas questionaram se o fim de um imposto era bom para o país. A resposta do governo foi ainda melhor. Aproveitando sua prerrogativa constitucional, rapidamente aumentou as alíquotas do IOF, incidente sobre operações de crédito, e da CSLL incidente sobre o lucro líquido; além disso, retomou a cobrança do imposto sobre remessas de lucro para o exterior. Os maiores prejudicados por tais medidas são as multinacionais e os bancos. A oposição se apressou em defendê-los. E a população está percebendo.
Essa seqüência de fatos abriu espaço para um bom debate sobre a Reforma Tributária. Entidades da sociedade civil se pronunciaram a favor das medidas governamentais, conforme noticia a Agência Brasil. João Pedro Stédile, Demétrio Valentini, José Antônio Moroni e Emir Sader, na seção Tendências e Debates, da Folha de São Paulo, lançaram um manifesto em prol de uma reforma tributária que atenda aos interesses do povo. Um trecho:
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Essas propostas foram acertadas e justas, atingindo sobretudo os bancos, o sistema financeiro e as empresas estrangeiras, apontando para o combate à desigualdade social e para o desenvolvimento nacional. Mais uma vez, as forças conservadoras se movimentaram e, tendo à frente a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e a Febraban (Federação Brasileira de Bancos), fizeram uma campanha mentirosa contra as propostas do governo, com suporte da Globo, dos Democratas e do PSDB.

De um lado, mentem quando afirmam que os mais pobres serão afetados por esses impostos e, de outro, escondem que as taxas de juros exorbitantes cobradas pelo sistema financeiro são o maior custo das compras a prazo. Calam-se porque são beneficiados por esse instrumento.
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Acesso restrito


Os estacionamentos com acesso exclusivo a determinadas pessoas são comuns nos prédios da UFSM. A justificativa para a "privatização" - totalmente irregular, diga-se - é a "invasão" de automóveis e ambulâncias que trazem pacientes ao Hospital Universitário. Na falta de uma infra-estrutura adequada no HUSM, os motoristas acabam lotando os estacionamentos dos Centros de Ensino mais próximos. Durante o primeiro dia de vestibular, embora os donos das vagas estivessem bem longe da UFSM, os estacionamentos permaneceram fechados - e vazios. Enquanto isso, vestibulandos, sem ter onde estacionar, estavam presos no engarrafamento quilométrico. A Cratera Urbana e suas cancelas...

Um esclarecimento importante

Sempre admirei as pessoas que têm posições e as defendem, independente de quais sejam. Democracia é isso, é a possibilidade concreta de defender suas opiniões, sem imposições de qualquer ordem. Por isso, aí na barra lateral deste blogue (o palavra!), está a frase em que Che Guevara fala sobre a argumentação.

Por outro lado, não acredito em opinião isenta. É uma contradição em termos. Assim, me agradam jornais, revistas e publicações de todo o tipo que assumem publicamente sua linha editorial e política – de direita ou esquerda, não importa. Já houve esse debate aqui no Diário, em diversas ocasiões. Acredito que tal postura pode não ser “isenta”, “imparcial” ou “neutra”. Mas é uma postura honesta. E o que falta na imprensa (e na política) brasileira é exatamente isso: honestidade. Assumir seus interesses, que guiam suas opiniões e, ao mesmo tempo, permitir o debate com opiniões divergentes.

Este espaço já não é lido – como foi por um tempo – apenas por amigos e conhecidos. Estes, com certeza, jamais esperariam uma posição “isenta” de minha parte. Podem esperar pluralidade e argumentos embasados na defesa da minha posição. Não neutralidade. Contudo, por sorte, há leitores que não me conhecem pessoalmente, aos quais dirijo este esclarecimento.

Esses dias, surpreendi, num debate de orcute, uma referência ao Diário da Cratera Urbana (que me lisonjeou bastante, diga-se). “É bom, mas totalmente parcial”. Realmente, trata-se de um leitor perspicaz. A “política” deste espaço é exatamente essa. Defender posições, mas com honestidade.

Não escamotear fatos ou argumentos para fortalecer uma posição. Não recorrer às falácias de autoridade, ou de qualquer espécie. Permitir idéias contrárias, o que não significa concordar com elas.

Como disse Darcy Ribeiro, no prefácio de Povo Brasileiro, não se iluda comigo, leitor: sou um homem de partido e fé, portanto não procure aqui análises isentas. Meu partido e minha fé não são os mesmos de Darcy, sequer minha capacidade intelectual, mas a disposição de escrever textos participantes é a mesma.

Defendo posições, interesses. Sinta-se à vontade para fazer o mesmo.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

O caos da incompetência

O vestibular da Universidade Federal é, seguramente, o maior evento anual de Santa Maria, que, nesta época, recebe milhares de vestibulandos e familiares vindos de todo o Estado e de fora dele. Muitos estão na cidade pela primeira vez.

No ano passado, quando da realização do concurso, escrevi um pequeno artigo dizendo que os postulantes à vaga na UFSM tinham uma amostra, durante o vestibular, de uma das principais agruras da vida universitária: a péssima qualidade do transporte coletivo. Além da superlotação e dos atrasos, a falta de orientação e indicações mínimas transformava a tarefa de pegar o ônibus uma arriscada aventura para pessoas que não conheciam bem a cidade.

Pois bem. Este ano, apesar do número de inscritos no exame ter diminuído consideravelmente e da possibilidade de serem realizadas as provas em outras cidades, a situação piorou. A imprensa local mostrou hoje cenas de uma multidão de estudantes correndo na beira da rodovia, invadindo prédios da universidade, brigando com fiscais e muito mais.

O trânsito no campus e nos seus acessos ficou congestionado nas horas que antecederam ao início do vestibular. Não havia onde estacionar e os estacionamentos de certos prédios estavam fechados. Os ônibus não eram suficientes para a demanda. Os vestibulandos saltaram dos carros e ônibus a quilômetros dos locais de realização e correram. Uma menina caiu, cortou um joelho, levantou e seguiu correndo. Alguns, ao perceberem que já havia chegado o horário, desistiram e tiveram crises de choro. Outros se atracaram com fiscais de provas e abriram as portas à força [nota do redator: esses virão para o Movimento Estudantil]. Em síntese: o caos.

O início do exame foi adiado em quinze minutos, por decisão da COPERVES – o órgão que organiza (ou deveria organizar) o vestibular. Ainda assim, muita gente ficou de fora.

A pergunta: isso foi surpresa? Não, não foi. As causas não são nenhum mistério : o acesso único, no famoso “arco”, o fluxo concentrado em uma avenida central estreita, os estacionamentos “privatizados”, o transporte coletivo municipal deficitário e concedido a vigaristas. Todos esses problemas são enfrentados diariamente por quem trabalha ou estuda no campus de Camobi. Nas discussões do Plano Diretor dos campi, eles foram reiteradamente mencionados pela comunidade universitária.


Espero que, ao menos, esse fiasco sirva para que determinados setores da UFSM compreendam porque é importante que a instituição tenha (e obedeça) um Plano Diretor da Cidade Universitária.
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• fotos de Charles Guerra / DSM
• mapa do campus: página da UFSM


terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Poema

Fábula de um arquiteto

João Cabral de Melo Neto

A arquitetura como construir portas,
de abrir; ou como construir o aberto;
construir, não como ilhar e prender,
nem construir como fechar secretos;
construir portas abertas, em portas;
casas exclusivamente portas e teto.
O arquiteto: o que abre para o homem
(tudo se sanearia desde casas abertas)
portas por-onde, jamais portas-contra;
por onde, livres: ar luz razão certa.
Até que, tantos livres o amedrontando,
renegou dar a viver no claro e aberto.
Onde vãos de abrir, ele foi amurando
opacos de fechar; onde vidro, concreto;
até refechar o homem: na capela útero,
com confortos de matriz, outra vez feto.

Enviado pela amiga Gabriela Fonseca, via orcute. Diz ela que lembra Sr. F. Valeu Gabi!

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Novidades

Graças ao exemplo de Cesar Xrmr, do Animot, e após uma pequena batalha com os serviços Google, a modernidade chega à Cratera Urbana. Assim como - naquela época em que havia cinema na cidade cultura - os filmes chegavam seis meses depois de passarem na capital, agora, não sem uma certa defasagem, agrego a este espaço uma ferramenta de compartilhamento de textos. E nem chamei o Valdeci pra inauguração.

Mas o tal de googlereader é mesmo muito útil. A ferramenta permite ler várias publicações eletrônicas em um único espaço, acompanhando a atualização das mesmas. Mais do que isso, permite compartilhar, através da sua própria publicação, textos com outras pessoas. A partir de ontem, ali na coluna da direita, há um item denominado (provisoriamente) "Últimas Leituras", no qual indico o enlace de textos, notícias, postagens, charges, etc. que julguei interessantes. Vale a pena.

domingo, 6 de janeiro de 2008

De volta ao paradoxo


De volta à Cratera Urbana, de volta ao mundo. Estou "me atualizando", vendo o quanto mundo mudou enquanto estive fora dele. (E não deixa de ser assutador dar-se conta da própria insignificância.)

Sim, o mundo muda movido pelas suas contradições, como Eduardo Galeano, genial sempre, afirma no texto publicado no Página 12 argentino e indicado pelo Diário Gauche. Transcrevo dois trechos de La paradoja andante:
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En nombre de la libertad, la libertad de comercio, Paraguay fue aniquilado en 1870. Al cabo de una guerra de cinco años, este país, el único país de las Américas que no debía un centavo a nadie, inauguró su deuda externa. A sus ruinas humeantes llegó, desde Londres, el primer préstamo. Fue destinado a pagar una enorme indemnización a Brasil, Argentina y Uruguay. El país asesinado pagó a los países asesinos, por el trabajo que se habían tomado asesinándolo.

Haití también pagó una enorme indemnización. Desde que en 1804 conquistó su independencia, la nueva nación arrasada tuvo que pagar a Francia una fortuna, durante un siglo y medio, para expiar el pecado de su libertad.

[...]

Paradojas andantes, paradojas estimulantes:

El Aleijadinho, el hombre más feo del Brasil, creó las más hermosas esculturas de la era colonial americana.

El libro de viajes de Marco Polo, aventura de la libertad, fue escrito en la cárcel de Génova.

Don Quijote de La Mancha, otra aventura de la libertad, nació en la cárcel de Sevilla.

Fueron nietos de esclavos los negros que generaron el jazz, la más libre de las músicas.

Uno de los mejores guitarristas de jazz, el gitano Django Reinhardt, tenía no más que dos dedos en su mano izquierda.

No tenía manos Grimod de la Reynière, el gran maestro de la cocina francesa. Con garfios escribía, cocinaba y comía.
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Leia o texto completo no Página 12, ou a tradução de Cristóvão Feil, no Diário Gauche.