terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Artigo: Espaço Público na Cidade Contemporânea III

Leia a parte II aqui


A Problemática do Espaço Público na Cidade Contemporânea III
por Letícia Castro Gabriel


A produção de espaços públicos na cidade contemporânea

Na cidade contemporânea, caracterizada por um complexo sistema de circulação, redes e fluxos, na qual predomina a noção de fragmentação, dificultando a sua percepção, uma nova problemática passa a se apresentar com relação à configuração de espaços públicos, os quais necessitam desempenhar seu papel nestes novos lugares, que são ao mesmo tempo ausência e território, onde a vida cotidiana segue desenvolvendo-se, mesmo que efêmera, dinâmica e fluida.
É nessa nova dinâmica contemporânea onde a mobilidade e os deslocamentos definem uma série de acúmulo de lugares, de pontos nos quais se encontram distintos fluxos, tanto de sistemas de circulação e de transportes, quanto de malhas urbanas que necessitam se conectar a fim de permitir a vida econômica e a reestruturação do território. Assim, os espaços subutilizados e degradados, que guardam a ambigüidade de significado entre passado e presente ficam à margem desta lógica de fluxos e organização utilitária, os quais devem ser resgatados e reintegrados à vida urbana, sendo paradoxalmente simulacros ou imagens e geradores de projetos de subjetividade, dotados de contradição e potencialidades do estar urbano (Abascal, 2006).
Salienta-se, pois, para a importância das atividades de reconversões urbanas em áreas degradadas, obsoletas ou em processo de abandono e descaracterização, sendo tradicionalmente áreas industriais ou portuárias que possuem certa relevância histórica, seja sob o enfoque político, econômico, social ou cultural, as quais influenciaram a formação do imaginário coletivo de uma determinada sociedade e que, se reativado, relembrado ou mencionado, tende a reverter, mesmo que pontualmente, a cultura do individualismo, que se faz presente nas atuais situações de desestruturação cultural.

Assim, para a produção de espaços públicos na cidade atual, tornando fluidos os limites entre forma, espaço e contexto, necessita-se de um novo enfoque ou modelo, não conservador e inclusivo, o qual tende a admitir a flexibilidade e espaços urbanos cuja harmonia se dá através da coexistência de um jogo de antagonismos substituindo aquele pautado nos ideais de unidade e equilíbrio, mesmo que frente ao paradigma, que questiona a espacialidade estática e a homogeneidade de tempo e espaço modernos (Abascal, 2006).
(segue)
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Este é um artigo assinado. O seu conteúdo é mérito e responsabilidade da autora e pode ou não refletir a opinião do redator do Diário da Cratera Urbana.

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