segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

São Borja republicana!


São Borja ocupou um papel de destaque em muitos momentos da história brasileira. Não só por Getúlio ou por Jango. Foi ali, ao redor da Praça XV, que se instalou a primeira das reduções jesuíticas conhecidas como Sete Povos das Missões. A chamada Guerra do Paraguai teve naquelas paragens uma batalha decisiva. Em 1888, de sua Câmara de Vereadores, liderada por Aparício Mariense (sentado, à esquerda), partiu a Moção Plebiscitária Republicana, propondo um plebiscito acerca do regime de governo do país. Os proponentes foram exilados pelo Império, porém, um ano mais tarde, o movimento iniciado por sua moção culminava na Proclamação da República.

No entanto, menos de um século depois, a histórica cidade de terra vermelha encontrava-se em situação bem mais triste. Não havia sequer ruínas da civilização guranítica e a casa do ideólogo da República dera lugar ao prédio da CRT. O município do presidente deposto, João Goulart, era governado por um interventor, mandalete de milicos e representante da oligarquia agrária conservadora.
A herança desse tempo bem menos heróico foi uma sociedade avassalada, oficialmente baseada no puxa-saquismo e na ignorância ostensiva, onde não poderia haver qualidade pessoal mais apreciada que a hipocrisia. A velha elite provinciana, acostumada a ser sustentada pelo adubo-papel, faliu assim que a mesada do Banco do Brasil acabou. Deu aula de como perder tudo, menos a pose, a arrogância, o preconceito.
Assim era a São Borja dos anos 90, uma cidadezinha poeirenta, que sequer conhecia direito as quimeras do seu passado brioso, sonhando com a cantilena manjada de todo politiqueiro de plantão: desenvolvimento! indústria! E sobretudo: ponte!
Imagino que as gordas senhoras da elite local tenham franzido o cenho, contrariadas, quando o que se disse foi Universidade Pública!
Pois bem, a Universidade Federal do Pampa (foto ao lado) - provisoriamente administrada pela UFSM - instalou-se em São Borja e, pelo visto, está conseguindo o impossível: romper com a herança maldita dos tempos do Sr. Interventor e seus asseclas - quero dizer, correligionários.
Digo isso porque das bandas da fronteira chega a voz da Radioweb República, inaugurada 120 anos após a Moção Plebiscitária Republicana de Aparício Mariense. E pelo "editorial" de arrancada, publicado no blogue da rádio, o que vem por aí é o resgate daquela São Borja que tinha a audácia, a ousadia, de querer entrar para a história.

2 comentários:

Paulo Vilmar disse...

Sr!
Ao som da radioweb República saúdo este belíssimo post!
Abraços...

Anônimo disse...

hahaha