quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Duas questões sobre notícias de hoje

E Chávez é o louco?
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, apesar da sabotagem explícita do governo colombiano, conseguiu a libertação das reféns das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC). Uribe, presidente da Colômbia, tentou atrapalhar de todo o jeito a libertação de suas aliadas políticas.
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A CPMF saiu pela culatra da oposição?
Pensando bem, a não prorrogação da CPMF pode trazer avanços. Em que pese o esforço das grandes empresas de telecomunicação em caracterizar o fato como indiscutivelmente positivo, pela primeira vez, boa parte das pessoas questionaram se o fim de um imposto era bom para o país. A resposta do governo foi ainda melhor. Aproveitando sua prerrogativa constitucional, rapidamente aumentou as alíquotas do IOF, incidente sobre operações de crédito, e da CSLL incidente sobre o lucro líquido; além disso, retomou a cobrança do imposto sobre remessas de lucro para o exterior. Os maiores prejudicados por tais medidas são as multinacionais e os bancos. A oposição se apressou em defendê-los. E a população está percebendo.
Essa seqüência de fatos abriu espaço para um bom debate sobre a Reforma Tributária. Entidades da sociedade civil se pronunciaram a favor das medidas governamentais, conforme noticia a Agência Brasil. João Pedro Stédile, Demétrio Valentini, José Antônio Moroni e Emir Sader, na seção Tendências e Debates, da Folha de São Paulo, lançaram um manifesto em prol de uma reforma tributária que atenda aos interesses do povo. Um trecho:
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Essas propostas foram acertadas e justas, atingindo sobretudo os bancos, o sistema financeiro e as empresas estrangeiras, apontando para o combate à desigualdade social e para o desenvolvimento nacional. Mais uma vez, as forças conservadoras se movimentaram e, tendo à frente a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e a Febraban (Federação Brasileira de Bancos), fizeram uma campanha mentirosa contra as propostas do governo, com suporte da Globo, dos Democratas e do PSDB.

De um lado, mentem quando afirmam que os mais pobres serão afetados por esses impostos e, de outro, escondem que as taxas de juros exorbitantes cobradas pelo sistema financeiro são o maior custo das compras a prazo. Calam-se porque são beneficiados por esse instrumento.
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Um comentário:

Anônimo disse...

(vou dar o meu pitaco)
Peraí um pouco. Stédile, Demétrio Valentini e...Emir Sader...representam alguma coisa? Só se for a ala de elite da esquerda marxista nacional. Que, a meu ver, não atrai a simpatia de sequer 5% da população brasileira.
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Sobre o fim da CPMF, não vejo ninguém - além da ala governista e do pessoal mais radical de esquerda - se perguntando se o fim de tal "contribuição" (na verdade, um imposto mesmo) foi bom ou ruim para o país.

Acredito, ao contrário, que seja "senso comum" que o fim de qualquer imposto representa necessariamente um ganho para a sociedade. Todos de alguma forma percebem que todo imposto é um roubo, um assalto a mão armada.

O fim da CPMF deu-se não por conta de um conluio por parte da oposição contra o "benevolente governo social de Lula e do PT", e sim por causa de um sentimento geral, um clamor popular de "basta", "chega de impostos". Chega de onerar o setor financeiro e o produtivo, em especial! Que seja tributado o consumo!

E é justamente por isso que o aumento das alíquotas do IOF e da CSLL opera contra os interesses da nação. Não oneram o consumo, tais tributos, e sim o setor financeiro e o produtivo. Curioso que, depois, quando as empresas não têm mais dinheiro para contratar empregados ou melhorar as condições de trabalho dos que já têm contratados, reclamam da "ganância dos empresários"; e, quando há escassez de dinheiro no mercado para os bancos emprestarem, reclamam de "juros extorsivos"...

É um dos males do Brasil: aqui ainda se acredita em "almoço grátis". But you can't eat your cake and have it, too.

-Bruno Lauda