domingo, 6 de janeiro de 2008

De volta ao paradoxo


De volta à Cratera Urbana, de volta ao mundo. Estou "me atualizando", vendo o quanto mundo mudou enquanto estive fora dele. (E não deixa de ser assutador dar-se conta da própria insignificância.)

Sim, o mundo muda movido pelas suas contradições, como Eduardo Galeano, genial sempre, afirma no texto publicado no Página 12 argentino e indicado pelo Diário Gauche. Transcrevo dois trechos de La paradoja andante:
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En nombre de la libertad, la libertad de comercio, Paraguay fue aniquilado en 1870. Al cabo de una guerra de cinco años, este país, el único país de las Américas que no debía un centavo a nadie, inauguró su deuda externa. A sus ruinas humeantes llegó, desde Londres, el primer préstamo. Fue destinado a pagar una enorme indemnización a Brasil, Argentina y Uruguay. El país asesinado pagó a los países asesinos, por el trabajo que se habían tomado asesinándolo.

Haití también pagó una enorme indemnización. Desde que en 1804 conquistó su independencia, la nueva nación arrasada tuvo que pagar a Francia una fortuna, durante un siglo y medio, para expiar el pecado de su libertad.

[...]

Paradojas andantes, paradojas estimulantes:

El Aleijadinho, el hombre más feo del Brasil, creó las más hermosas esculturas de la era colonial americana.

El libro de viajes de Marco Polo, aventura de la libertad, fue escrito en la cárcel de Génova.

Don Quijote de La Mancha, otra aventura de la libertad, nació en la cárcel de Sevilla.

Fueron nietos de esclavos los negros que generaron el jazz, la más libre de las músicas.

Uno de los mejores guitarristas de jazz, el gitano Django Reinhardt, tenía no más que dos dedos en su mano izquierda.

No tenía manos Grimod de la Reynière, el gran maestro de la cocina francesa. Con garfios escribía, cocinaba y comía.
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Leia o texto completo no Página 12, ou a tradução de Cristóvão Feil, no Diário Gauche.

3 comentários:

Anônimo disse...

O Paraguai foi arruinado, sim. Destruído pela tirania e pela loucura de Solano Lopez. Em sua excessiva ambição, o ditador protototalitário achou que poderia se valer do antagonismo existente entre Brasil e Argentina à época para vencer ambos os países e conquistar um canal para o oceano atlântico, pela conquista de terras.

O Mato Grosso, Santa Catarina e parte do Rio Grande do Sul poderiam ser províncias paraguaias. Nossos ascendentes poderiam ter sido súditos (escravos) desse tirano. Não o foram graças à lucidez do Império e à glória de nossas Forças Armadas.

Considero triste ver um brasileiro tecer loas a um elogio a esse malfadado e insano genocida, Solano Lopez, e ao seu país de escravos. O Paraguai não era isso que Galeano diz que era..."liberdades civis" era uma expressão desconhecida naquela terra. Muito mais do que hoje.

Era uma nação de escravos, súditos de tiranos, governada por um déspota que sequer era "esclarecido". Os apóstolos de seu proclamado "desenvolvimento social" costumam omitir, por exemplo, o fato de que Lopez obrigou, sob pena de morte, até mesmo crianças de doze anos a lutar na guerra que empreendeu.

Não foi a Tríplice Aliança que destruiu a nação paraguaia. Foi Lopez. Foi o Paraguai que se suicidou, ao admitir no poder tal tirano. O trajeto desse pequeno país deveria servir de exemplo local do mal que governantes ruins podem fazer a uma nação...

-Bruno Lauda

Tomacaúna disse...

Solano Lopez era genocida, mas foram os governantes "esclarecidos" do Brasil e da Argentina que trucidaram 70% da população paraguaia (e ainda tornaram-se credores do país).

E "liberdades civis" é uma expressão conhecida no Brasil de hoje, em que a polícia militar (ah! as gloriosas forças armadas) tortura diariamente adolescentes e crianças?

Anônimo disse...

Sorte que somente a polícia tortura, afinal, traficantes, estupradores e bandidos são todos bonzinhos, os adolescentes e crianças, nooosssa, são anjos...
Que liberdades civis temos? Direitos? Votar? Segurança? Escola, saúde? Justiça?

Odeio basicamente pessoas que polarizam a situação: Polícia=má bandido=bonzinho... Paraguai=perdedor Brasil=ganhador... o que existe no mundo são mentiras, contadas tanto aos paraguaios quanto aos brasileiros, e nó ficamos aqui como bestas, discutindo enquanto os verdadeiros culpados estão ricos, longe dos problemas daqui... A primeira vítima da guerra é sempre a verdade...